A massa contra o crime

Página 13 divulga editorial publicado na edição de julho do jornal

Não é oficial. Pelo contrário. Mas grande parte do eleitorado lulista acredita que a eleição está decidida e que a vitória será no primeiro turno. Esta dupla crença foi reforçada, nos últimos dias, por duas certezas: a de que o cavernícola prepara um golpe e que um eventual segundo turno será cheio de atos de violência por parte do bolsonarismo. Assim, a fome junta com a vontade comer: a vitória no primeiro turno torna-se, além de uma certeza, um antídoto.

Pode ser que Lula seja eleito e já no primeiro turno? Pode ser. Mas transformar esta possibilidade em uma convicção não contribui neste sentido. Pelo contrário. A certeza da vitória coloca muita gente na zona de conforto, reduzindo as chances de vitória. E se a vitória no primeiro turno não se materializar, muita gente pode entrar em depressão e pânico, dificultando a conquista da vitória no segundo turno.

Bolsonaro prepara um golpe? Com certeza, lembrando que há várias modalidades de golpe. Mas o golpe segue sendo um plano B. O plano A do bolsonarismo é ganhar as eleições. Ameaçar com golpe, estimular a violência, tem por isso um duplo objetivo: por um lado, preparar a tropa deles; por outro lado, intimidar nosso povo. E se nosso povo se intimidar, não tem campanha. E se não tiver campanha, aumentar as chances do lado de lá. Ameaçar com golpe ajuda a ganhar a eleição: um crime perfeito.

Sendo assim as coisas, é preciso trabalhar para vencer, com a certeza de que a eleição não está definida. E falar as coisas como elas são: a vitória no primeiro turno depende das demais candidaturas. Se elas persistirem e reunirem um número significativo de votos, a disputa poderá ir para o segundo turno. E nossa militância, nossa base social e nosso eleitorado precisam saber desde já que consideramos isto como uma possibilidade bastante provável, não como o fim do mundo. Só assim evitaremos o desnorteamento ocorrido em 2006, 2010 e 2014, quando muita gente apostou em vencer no primeiro turno e, como não aconteceu isto, deu a eleição por perdida, nos obrigando a gastar muitos dias tentando reanimar não a tropa, mas certos “comandantes”.

E a violência dos cavernícolas? Infelizmente, não é algo que vai ocorrer apenas em caso de segundo turno ou de golpe. A violência está aí faz tempo. Já em 2018 tivemos assassinatos antes e durante a campanha, como foi o caso de Moa do Katendê. De 2019 até agora, também tivemos muitos assassinatos, sendo o mais recente o de Marcelo Arruda. O neofascismo segue fazendo o que a extrema direita e o aparato de Estado sempre fizeram. Contra isso é preciso mais organização, guarda bem alta e – acima de tudo –  colocar massa na rua.

Os editores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *