Por Artus Bolzanni (*)
Na democracia, vencer as eleições é um passo necessário e importante para colocar em execução um programa popular. Lutar pelo povo sem ter o poder nas mãos não é mais do que rebaixar o povo e suas organizações a meros pedintes, dependentes da vontade dos “novos senhores de engenho”. Para o povo de Salvador, que sofreu e ainda sofre nos dias de hoje as marcas da escravidão, trata-se da mais indigna humilhação ter de submeter suas ferramentas de luta à vontade dos seus exploradores.
Não existe arma de luta mais poderosa para os trabalhadores e trabalhadoras de Salvador que o Partido dos Trabalhadores. Em cada rua ou viela da cidade, a estrela vermelha que representa o PT é o símbolo de dias melhores, de emprego e renda, de comida na mesa, de atendimento de saúde digno, de direito à cidade. Isto nunca deve ser esquecido. Por isso, o Partido tem a obrigação de nunca trair aqueles que depositam toda confiança.
O PT não é uma coisa abstrata, que só existe no mundo das ideias. Ele é sólido, parte do mundo real e está não apenas no seu programa, mas em cada militante seu. Militantes estes que, seja em épocas boas quanto em épocas ruins estão a defender o PT e os milhões de trabalhadores e trabalhadoras.
Na nossa histórica cidade, porém, forças oportunistas e parasitas, em grande parte de fora do Partido, tentam, de todo modo, excluir a militância, que é o braço forte do povo, de tomar as rédeas das decisões sobre as eleições. Em 2020, todo petista de Salvador foi obrigado a assistir a mórbida articulação que levou a uma pessoa da mesma polícia que cometeu a chacina do Cabula a ser candidata do PT à prefeitura da cidade. Mais que isso, uma pessoa que meses antes quase filiara-se a um partido da direita. Uma candidata que escondeu, durante a campanha, o golpe de 2016 e a prisão ilegal do Presidente Lula. O resultado final já era óbvio. As eleições foram entregues de bandeja para os bolsonaristas.
As eleições de 2024 se avizinham e mais uma vez à militância é contada a história de que temos de nos submeter aos inimigos do povo. Pois trata-se de mais um conto do vigário. O que estas forças anti-povo querem é usar os votos do PT e do povo para colocar em prática seu programa de escravidão moderna e de venda da cidade. A direita sabe da força do povo, que ficou claro na vitória de Lula em 2022, e tenta amordaçar todos os trabalhadores e trabalhadoras da capital baiana.
Colocar como candidato da esquerda um “falso amigo” do povo é garantia de ou entregar as eleições à nauseabunda trupe bolsonarista ou ser prontamente traído pelo “falso amigo” e depois ter que fazer malabarismos para explicar que fomos “enganados”. De qualquer modo, não colocar o PT e seus quadros orgânicos em primeira ordem é trair o Companheiro Lula e cuspir em toda história de luta dele e do PT pelos direitos dos mais vulneráveis.
Por isso, companheiros e companheiras militantes do Partido dos Trabalhadores em Salvador, é hora de exigirmos a candidatura própria do PT para Prefeitura de Salvador nas eleições de 2024. Temos de exigir a realização de prévias, com debates de ideias. Somente através da discussão respeitosa, da troca de ideias e do mais puro exemplo de como fazer democracia é que poderemos extirpar o veneno golpista inoculado por aproveitadores. A militância deve escolher quem deve guiar sua marcha!
(*) Artus Bolzanni é militante do PT