Quaquá e o Tubarão

Por Valter Pomar (*)

Sabe aquele filme de terror, que tem um remake, dois remakes, três remakes, e quando você acha que acabou, aparece uma nova variante?

Pois então, é assim que muita gente se sente, quando recebe notícias acerca de um determinado parlamentar, que ademais é vice-presidente nacional de nosso Partido.

Afinal, teve Waguinho, teve Pazuello e agora teve Nikolas e Zambelli, para ficar só nestas três situações, digamos assim.

Sobre a da vez, tem várias versões.

Uma delas é a de que ele teria percebido estar em curso a cassação de parlamentares da esquerda. E, agindo rápido, sem consultar nem comprometer ninguém, ele teria resolvido o problema através de uma operação “toma lá já e depois dá cá“.

E, detalhe importante, ele teria feito isso consciente do prejuízo que teria, em termos de imagem pública. Mas, cavalheiro que só e admirador de Pessoa (talvez por isso goste tanto da “terrinha”), deve ter pensado que tudo vale a pena para salvar companheiras em situação de perigo.

No concreto, a bancada não foi consultada e a direção do Partido não foi consultada. Quanto às parlamentares que teriam sido salvas, há informações contraditórias, cabendo a elas informar se foram previamente consultadas.

Que Lira pretende mesmo cassar as deputadas, é informação confirmada por muita gente, inclusive por gente de esquerda que considera que teria havido mesmo algum tipo de “excesso verbal”.

Mas convenhamos: mesmo que tivesse havido do lado de cá alguma quebra de decoro (lembremos que não se pode fazer corar as bochechas da gente tão fina que frequenta as duas casas), do outro lado houve crimes.

Por este e por outros motivos, fazer este tipo de “acordo” (que ainda está por ser provado ter sido mesmo um acordo, pois por enquanto tivemos apenas o “toma lá” e ainda não se viu o “dá cá”) causa uma imensa repercussão pública negativa, justificadamente negativa e agravada pelo fato de que não se explica adequadamente nem mesmo o que supostamente teria ocorrido.

Pior ainda ficam as coisas, quando algo assim é feito por alguém que, em boa parte do que faz, “parece” estar cometendo uma indecência.

Enquanto isso, quem poderia fazer algo, até agora não faz nada.

Sendo assim, ao mesmo tempo que pedimos basta, ética, punição e até expulsão, convém nos preparar para os próximos episódios da série.

Tubarão, afinal de contas, é um filme de quinta categoria, mas também é sucesso de bilheteria.

E bilheteria, para algumas pessoas, é tudo.

(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT

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