Ainda há esperança: Norte do Paraná acredita que é vermelha

AE elegeu presidentes para o PT de dois municípios da região

Por Tiago Prado (*)

Texto publicado na edição 283 do jornal Página 13

Se tem algo que aprendemos ao longo da história do PT é que nada se constrói sem luta, sem base e sem política com lado. E foi com esse espírito, firme e aguerrido, que encaramos o PED 2025 aqui no Norte do Paraná. O que parecia impossível há menos de um ano virou realidade concreta: reorganizamos o Partido em Arapongas e abrimos novas frentes de esperança e resistência socialista na região.

Depois da tempestade de 2024, que deixou rastros de frustração, desalento e desmobilização, a militância da Articulação de Esquerda — junto de muitos companheiros e companheiras que se recusaram a aceitar o marasmo — decidiu agir. Com os pés no chão e a cabeça erguida, reatamos laços, escutamos quem estava afastado, acolhemos quem estava cansado, reorganizamos núcleos e propusemos um projeto político claro: recolocar o PT a serviço da classe trabalhadora e da luta pelo socialismo.

E foi justamente dessa reorganização que nasceu um dos fatos políticos mais importantes do PED em Arapongas, Norte do Paraná: nossa candidatura única à presidência do PT na cidade dos passarinhos, e a consolidação de uma chapa mista, composta por diversas correntes internas, setores da base e filiados históricos. Não foi por acaso. Foi consequência direta de um processo coletivo, estratégico e profundamente enraizado na base. Essa candidatura única expressa algo maior: a construção de um novo campo político local, comprometido com o debate, com a unidade real e com a disputa ideológica firme dentro do Partido.

Esse novo campo também se afirmou nos resultados provindos das chapas estaduais. Enquanto a tendência que vinha hegemonizando a política do Partido local alcançou 52% dos votos válidos, nossa chapa estadual composta pela Militância Socialista e pela Articulação de Esquerda chegou aos 48%. Quase de igual para igual. Um recado forte: a hegemonia balançou, e hoje existe outro polo político, com base, projeto e coragem para disputar o futuro do PT em Arapongas.

Não paramos por aí. Em Loanda, nosso companheiro Rinaldo Oliveira, também filiado/militante da AE, entrou numa disputa direta contra outra candidatura e saiu vitorioso, elegendo-se presidente do diretório municipal. Rinaldo é parte dessa construção que começou aqui em Arapongas e já reverbera em outros municípios. Sua eleição mostra que a linha política que defendemos — de

esquerda, socialista e enraizada — é capaz de disputar e vencer com legitimidade.

Com isso, a Articulação de Esquerda passa a presidir dois diretórios municipais no Paraná. É um avanço expressivo, fruto de trabalho de base, unidade construída e direção política clara.

Mas o que mais nos honra — e precisa ser dito com todas as letras — é que Arapongas foi a única cidade do Paraná a receber oficialmente a visita de Valter Pomar, nosso candidato à presidência nacional do PT. Esse não foi apenas um gesto simbólico. Foi um ato político potente. Receber Valter aqui foi um divisor de águas: mostrou que nossa militância está viva, atenta, organizada e em sintonia com o projeto nacional da AE.

A presença de Valter incendiou corações e mentes. Militantes antes afastados voltaram para o jogo. Quem estava calado passou a falar. O Partido voltou a respirar luta. E os resultados disso vieram: 50% dos votos válidos em Arapongas para Valter Pomar e 41% para a chapa nacional da AE, A Esperança é Vermelha.

Esse sopro vermelho não ficou só aqui. O interior do estado deu o tom da resistência. Ribeirão Claro, Enéas Marques, Cantagalo, Pontal do Paraná, Terra Boa, Diamante do Norte e até Londrina, ao lado de Arapongas e quarto maior município do Sul brasileiro, mostraram que nossa linha política tem ressonância. Percentuais importantes foram alcançados em todas essas cidades — com destaque absoluto para o desempenho proporcional da chapa 220 no Norte do Paraná.

Sabemos que a luta é longa. Ainda temos que ampliar a formação política, reforçar a estrutura da tendência no interior, filiar mais companheiros e companheiras comprometidos com o projeto socialista do PT. Mas o que construímos em menos de nove meses, saindo de um cenário desmobilizado, é prova de que nossa linha política é correta, necessária e vitoriosa.

Organizamos, unificamos, enfrentamos hegemonias e reacendemos a esperança socialista dentro do PT. E fizemos isso não com acordos de cúpula, mas com militância real, com base de verdade, com o suor e a teimosia de quem acredita que o PT precisa voltar a ser instrumento da classe trabalhadora.

Do Norte do Paraná, mostramos que um novo tempo é possível, se for com coragem, projeto, combatividade e lado definido. E o nosso lado é o da esquerda socialista, popular, firme e orgânica.

Seguimos. Em luta. Em construção.

(*) Tiago Prado é militante da AE no Paraná e presidente eleito do PT de Arapongas (PR)

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