Por Wladimir Pomar (*)
Nos comentários anteriores, argumentamos que pareciam brotar da boa vontade as teses sobre a necessidade de manter “diálogos políticos” para resolver os problemas que afetam a vida dos brasileiros. E lembramos que até mesmo alguns petistas argumentavam que o governo Bolsonaro poderia ser convencido de que o Brasil deveria adotar uma política que fortalecesse a economia, gerasse empregos e renda, protegesse o meio ambiente e as áreas indígenas, e controlasse a venda de armas.
Para eles, seria necessário superar a “banalização” da luta pelo impeachment de Bolsonaro. Não haveria “provas suficientes” para uma ação de destituição do presidente, embora ninguém pudesse negar a tragédia que atingiu o Brasil. Mesmo assim, seria possível fazer com que o “diálogo político” seguisse adiante, sem “banalizar o instrumento do impeachment” porque, no caso de Bolsonaro, ainda não existiria uma comprovação que permitisse condená-lo.
Também argumentamos que, por incrível que pudesse parecer, tais teses dialogais emergiam no momento crítico em que o Brasil estava sendo empurrado a adotar vários processos violentos de enfraquecimento de sua economia e em que ficava evidente que, além do negacionismo governamental criminoso, ele também estava envolvido em atos de corrupção e em ações que visavam romper com qualquer processo democrático.
Num país sério, bastariam essas “provas” para um processo de impeachment, já que eram publicamente evidentes e demonstráveis as barbaridades praticas pelo presidente desde sua posse. Em tais condições, acrescentamos, os propagadores da necessidade do “diálogo” e da “não banalização do instrumento do impeachment”, talvez estivessem vivendo em outro país, ou na Lua, supor a inexistência de comprovação das ações criminosas do governo.
Agora, por ironia da história, devemos agradecer às declarações do próprio presidente, em Brasília e em São Paulo, no dia da Independência, por comprovarem que os defensores do “diálogo” estavam, ou ainda estão, realmente na Lua. Desconhecem a realidade brasileira, assim como a natureza fascistoide do presidente e de seu governo. E não se deram conta de que a única forma de impedir que o Brasil seja levado a um fosso sem volta consiste justamente no impeachment, o mais rapidamente possível.
Se até mesmo políticos do centrão estão propensos a considerar seriamente o processo de impeachment, será vergonhoso que alguns próceres petistas ainda mantenham a suposição de que o “diálogo” com Bolsonaro e seu governo é algo viável. Os “recursos” para o retorno das regiões lunares para as terras brasileiras foram proporcionados pelos discursos do próprio presidente. Boa viagem à terra brasilis e à batalha do impeachiment contra a figura principal do governo responsável por um dos mais desastrosos índices mundiais de mortes pela pandemia do Covid.
(*) Wladimir Pomar é jornalista, escritor e militante petista