Mariuza Aparecida Camillo Guimarães
O 37º Congresso do Andes Sindicato Nacional ocorreu em Salvador, entre os dias 22 e 27 de janeiro de 2018, com o tema “Em defesa da educação pública e dos direitos da classe trabalhadora. 100 anos da reforma Universitária de Córdoba”, resultando daí o documento Carta de Salvador .
Foram seis dias de intensos debates, iniciando com uma análise de conjuntura que pretendia indicar a base da política a ser implementada no próximo período. A discussão sobre essa temática durou mais de cinco horas, explicitando as diversas posições que existem na categoria.
A discussão central girou em torno do Partido dos Trabalhadores e suas ações durante os anos em que ocupou a presidência da República, contrapondo-se duas posições claramente antagônicas. Uma expressa por grupos vinculados ao PCB, PSTU e PSOL, que entendem que os governos do PT, ao “conciliarem” com a burguesia, provocaram a situação vivenciada atualmente; que não houve golpe, mas tão somente a troca dos personagens no poder; que a política permanece a mesma. De outro lado, os petistas e simpatizantes apresentando dados e evidenciando as ações do golpe e as consequências, especialmente para as políticas educacionais.
Esse debate teve continuidade nos grupos e nas plenárias finais, onde se pode observar as velhas práticas de intimidação por parte de membros da diretoria, a patrulha ideológica daqueles que tem pensamentos diferentes e, sobretudo, a dificuldade, nesse contexto, de emplacar propostas de professores ou grupos que não coadunam com as da diretoria.
Nas discussões de grupo chamou a atenção o processo de “fritura” do PSTU: membros da diretoria, postados de forma estratégica, de modo a visualizar todo o ambiente e controlar manifestações e votos dos/das delegados/as pediam, a todo o momento, a supressão de propostas apresentadas por esse grupo político e/ou faziam o contraponto na defesa.
Durante o 37º Congresso, conforme estabelecido estatutariamente, foram realizadas convenções para a composição de chapas para concorrer à direção do Andes Sindicato Nacional. Após quatorze anos de hegemonia da direção atual, montou-se uma chapa de oposição, por meio do Coletivo Renova Andes, que vem se mobilizando desde a greve de 2012 e que se constituiu como Fórum Renova Andes em 2016.
A diretoria atual também organizou a sua chapa, consolidando o processo de “fritura” do PSTU, que aparentemente não comporá a chapa. Em conversas de bastidores houve rumores de que apresentariam o triunvirato, que é a prática regimental, mas não aconteceu. Apenas duas chapas foram apresentadas.
A chapa 1, “ANDES Autônomo e de Luta”, tem como candidatos: à presidência, Antônio Gonçalves Filho, Apruma Seção Sindical; à secretaria-geral, Eblin Farage, Aduff SSind.; e à tesouraria, Raquel Dias Araújo, Sinduece SSind.
A chapa 2 “Renova ANDES”, tem como candidata à presidência Celi Taffarel, da Ufba; secretária-geral, Maria de Lourdes Nunes, Adufpi SSind.; e tesoureiro, Everaldo Andrade, Adusp SSind..
As chapas têm até o dia 27 de fevereiro para apresentação completa da sua respectiva composição à Comissão Eleitoral Central, que terá sete dias para a homologação. As eleições ocorrerão nos dias 9 e 10 de maio de 2018, por votação direta e secreta em todas as Seções Sindicais que estejam no gozo de seus direitos, conforme define o Regimento Eleitoral e o Estatuto do Andes SN.
A tendência petista Articulação de Esquerda participa da chapa 2, Renova Andes. Vale lembrar que fomos uma das tendências petistas e cutistas que defenderam o Andes contra o divisionismo do chamado Proifes. Ao mesmo tempo, a Articulação de Esquerda sempre combateu as posições esquerdistas que tomaram conta e ainda prevalecem na direção da entidade. Motivo pelo qual fomos absolutamente contrários à ruptura do Andes com a CUT. No Congresso onde isto foi deliberado, distribuímos um documento que explicava nossas razões, combate que nos custou sermos excluídos da diretoria, da qual chegamos a participar, através da companheira Iole Ilíada.
Há uma boa disputa em andamento! Vamos participar!
Mariuza Aparecida Camillo Guimarães é presidenta da ADUFMS, que acaba de voltar à condição de Seção Sindical do Andes SN.