Por Valter Pomar (*)
Num planeta muito, muito distante, é muito comum que as pessoas mudem de preferência.
Tem gente que gostava de cores berrantes, passa a gostar de pastel.
Tem gente que gostava de falar reto, passa a falar dando voltas.
Tem gente que elogiava o sistema político de um certo país, agora diz que muito antes pelo contrário.
E assim por diante.
Em alguns casos, a conversão ocorre lentamente.
Noutros casos ocorre muito rapidamente.
O cara amanhece pensando A e subitamente, no meio do dia, chama uma coletiva de imprensa para dizer que agora pensa B.
Alguns inclusive renegam velhas amizades.
Essas conversões súbitas são conhecidas “beijar a cruz”.
O cidadão era de uma religião e, para provar que se converteu, beija o símbolo de outra religião.
Dando assim um sinal forte, físico, visível, de que mudou.
Aqui em nosso planeta, ainda bem, isso acontece muito pouco.
Especialmente na esquerda da esquerda, todo mundo é muito firme quanto às suas convicções.
Especialmente em época de eleição.
Não adianta a imprensa pressionar, o pessoal segue defendendo o que pensava antes, sem tirar nem por.
Ainda bem.
Se não, faltariam cruzes.
(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT