Estamos há pouco mais de um mês da primeira eleição municipal após a posse de Bolsonaro, num contexto de golpismo continuado que se iniciou em 2016 e teve como marcos principais a prisão injusta e ilegal de Lula e a ascensão da extrema direita fascista ao governo federal em 2018 no bojo de uma eleição fraudada pela manobra espúria de impedir que Lula dela participasse.
Nestas eleições de 2020, a burguesia de conjunto segue unificada em torno de um dos seus objetivos estratégicos, que é isolar e exterminar o PT da política nacional.
Mas a vida vem provando que esta não é uma tarefa fácil para a burguesia. O PT segue contando com a lealdade de classe de uma parcela expressiva da população trabalhadora e a própria natureza do processo político em curso no país impõe uma polarização entre a extrema-direita bolsonarista e as forças de esquerda que se opõe ao projeto ultraliberal que vem destroçando os direitos sociais e a soberania nacional.
Nesta polarização, o PT segue como importante referência, não obstante suas dificuldades e erros cometidos no último período, em especial a demora em adotar a palavra Fora Bolsonaro! e uma política ousada condizente com esta consigna. As alianças com partidos golpistas em várias cidades também são um sinal de que parte expressiva da direção partidária não tirou todas as lições do golpe.
Há, portanto, uma contradição em processo entre o papel positivo que o PT pode e deve ocupar na polarização da luta contra o bolsonarismo e aspectos importantes da política da maioria da direção partidária.
É neste contexto que a eleição na capital paulista assume um significado especial. É evidente que existe na cidade de São Paulo um cerco contra o PT que deve ser combatido com firmeza e sem vacilações, cerco este que conta com o apoio previsível da mídia burguesa, mas também encontra eco, infelizmente, nas fileiras do nosso partido.
Por vários meios, várias e diversas vozes em nosso Partido tentam alardear a tese da “inviabilidade eleitoral e política” da candidatura petista. Consideramos isto um grave erro e uma falácia política, e o fazemos na condição de uma tendência que combateu até o fim contra o método de definição da nossa chapa majoritária. Mas a hora do debate interno passou e agora é a hora do combate contra o inimigo de classe. Assim como chegará a hora de um balanço criterioso e honesto de todo o processo.
Como dissemos, não há hora para vacilações. A Articulação de Esquerda conclama toda a militância petista da cidade de São Paulo a participar ativamente da construção da campanha do companheiro Jilmar Tatto à prefeitura da cidade de São Paulo, somando esforços para resgatar e consolidar nossa inserção e influência especialmente nos bairros populares da cidade
Conclamamos a militância petista a lutar para que se estruture uma campanha nacionalizada, à altura dos imensos desafios com os quais nos defrontamos, com a finalidade de impor uma derrota política e eleitoral à direita e à extrema-direita, combinada com a apresentação à população de um programa democrático e popular que se insurja contra a agenda neoliberal de privatizações e de retirada de direitos do povo implantada pelos governos Bolsonaro, João Doria e Bruno Covas.
Reiteramos que a atual conjuntura de ataques ao nosso Partido exige que adotemos uma postura de defesa incondicional da candidatura petista e de participação ativa na construção da campanha, cuja importância se dá também no sentido de defender a nossa história, nosso legado e o nosso futuro.
Consideramos um equívoco e um grave desserviço a tentativa de setores do PT de desidratar nossa candidatura, seja atacando-a, seja se recusando a fazer campanha. A pretexto de questionar o tão problemático processo de definição da chapa, essas posturas aprofundam ainda mais suas consequências negativas e não resolvem nenhum problema prático colocado para as forças de esquerda de São Paulo.
A frente de esquerda com potencial real de derrotar o bolsonarismo na capital paulista seria aquela encabeçada por Fernando Haddad, que por equívocos diversos não se colocou no tempo político necessário, apesar da nossa batalha neste sentido até o final em todas as instâncias partidárias cabíveis. Já que não está colocada esta alternativa, a militância petista deve concentrar-se em construir e defender a candidatura do nosso Partido. Nossos candidatos e candidatas à vereança não podem seguir suas campanhas como se não existisse candidatura majoritária do PT à prefeitura do Município de São Paulo.
Isto posto, não nos iludamos: a candidatura do PT ainda é a única capaz de fazer frente às candidaturas da direita, como as de Russomano e Bruno Covas, nos bairros da periferia da cidade. E mais: uma eventual retirada de nossa candidatura fortaleceria ainda mais as candidaturas de direita! Portanto, a hora é de lutar e enfrentar a direita com um programa inequívoco de combate ao golpismo e ao ultraliberalismo, levantando as pautas nacionais ao lado das propostas de governo para a cidade de São Paulo, e, em especial, denunciando a farsa jurídica da condenação de Lula e levantando a bandeira da anulação da sua condenação no STF.
Companheiros e companheiras do Partido dos Trabalhadores!
Lutemos para que a candidatura petista alcance expressiva votação na cidade.
Lutemos para que o PT esteja no segundo turno das eleições municipais.
Mas lutemos, antes de tudo, para que não haja uma ponta sequer de dúvida entre nós de que, para isso ser possível, é necessário que cada militante e cada dirigente, desde já assuma seu lugar neste combate!
Fora Bolsonaro, Fora Mourão e fora todos os neoliberais. Viva o PT
Viva a luta da classe trabalhadora!