Por Valter Pomar (*)
Saúde é importante.
O setorial de saúde do PT é importante.
No Brasil inteiro, 8.920 filiados e filiadas credenciaram-se para participar da eleição do setorial de saúde.
Um número que pode ser acusado de qualquer coisa, menos de exagerado, afinal somos um partido que tem milhões de filiados, além de grande militância na área de saúde.
Entretanto, há um detalhe curioso: destes 8.920 credenciados para participar da eleição do setorial de saúde, 22% são de uma única cidade.
A cidade em questão possui, segundo as autoridades, 6.940 filiados e filiadas.
Destes 6.940, sempre segundo as autoridades, 3.251 se credenciaram para participar dos encontros setoriais.
Um percentual muito alto de participação, em comparação com a média nacional.
Dos 3.251 que se credenciaram, 1.974 optaram pelo setorial de saúde.
Motivo deste percentual também alto de opção pela saúde?
Segundo as autoridades, o fato seria “natural”, já que uma das candidatas à Coordenação do Setorial Estadual seria filiada na referida cidade.
Não sei se o fato procede (confio nas autoridades do partido, mas sempre pode haver um equívoco).
Tampouco sei se o fenômeno repete-se nos demais estados onde há disputas, ou seja, se na cidade onde reside uma candidatura existe também um credenciamento em massa no respectivo setorial.
Seja como for, isto não é natural!
Trata-se de uma distorção.
Pois o setorial é espaço de militância setorial, não de filiação em massa.
Mas como as autoridades consideram o que ocorreu na tal cidade como “natural”, fica decidido então que os “setoriais” não são mais setoriais, mas sim universais.
E assim nosso partido e sua democracia interna vai se metamorfoseando.
(*) Valter Pomar é professor e membro do Diretório Nacional do PT