Por Marco Aurélio da Silva (*)
A entrevista de Ciro Gomes na Folha de hoje deixa tudo muito claro para quem ainda tinha alguma dúvida. Com afagos até mesmo ao Psol — “‘esquerda raiz’ no bom sentido”, diz Ciro — e um claro posicionamento ao lado da direita — aquela conhecida de todos e agora mal chamada centro –, o Bonaparte do Ceará reafirma sua tática de isolamento do PT.
Se o PT é o maior e mais enraizado partido da esquerda brasileira, com laços orgânicos com a classe trabalhadora e setores populares os mais variados, incluindo mesmo uma parte dos intelectuais, isso significa que Ciro não pretende ser o candidato desta camada.
Pode falar, como fala, em nome de “toda a nação”, mas essa é apenas uma forma falsa de pôr a “questão nacional”. No marxismo, desde sempre, a questão nacional é a questão popular e das classes trabalhadoras. Ciro, ao contrário, fala para as classes dominantes.
(*) Marcos Aurélio da Silva é prof. no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (CFH/UFSC).