Por Lucas Rafael Chianello (*)
Certa vez um sujeito recordou, num programa de TV, que Minas Gerais era o único estado do país que tinha uma atividade econômica no nome.
Não me recordo nem do sujeito, nem do programa.
Verdade ou lenda, recordo que aprendi na 5ª série, último ano em que estudei à tarde, que nos tornamos as Minas Gerais para que ao menos nos mapas elas não estivessem nos mesmos estados da faixa litorânea do país.
Com a palavra, os geógrafos e historiadores.
Fato é que sermos atualmente as Minas Gerais é motivo de desespero e sofrimento: além de Brumadinho e Mariana, outras barragens já se romperam devido às fortes chuvas deste início de 2022 e cada vez mais pessoas vivem sob a ameaça de terem de deixar suas casas para não serem varridas pela lama.
Tudo isso porque o governo Zema também me recorda um quadro que tinha na sede do PT daqui de Poços de Caldas: a face de um cidadão barbado, materialmente miserável, entre a inscrição “Neoliberalismo/Velha Indiferença”.
Sejam quais forem as críticas internas sobre o que foi o governo Pimentel, os salários dos servidores estaduais foram parcelados porque um repasse da União para o Estado foi congelado depois do golpe de Temer contra Dilma, um bloqueio econômico proposital para desgastar política e eleitoralmente a relação do governo com o funcionalismo mineiro.
Infelizmente, deu certo: Pimentel sequer foi ao segundo turno em 2018, o que levou a uma mera disputa do butim do golpe entre o neoliberalismo de Zema e o neoliberalismo do choque de gestão de Anastasia, o relator do golpe no Senado.
Zema fará a propaganda de que o funcionalismo passou a ser pago em dia no seu governo depois de ter vendido a folha de pagamento do Estado ao Banco Itaú, o que garantiu à instituição uma formidável base de dados de milhões de cidadãos, ouro tão valioso quanto o petróleo nos dias atuais. Mas não dirá que um ano antes disso já poderia pagar os servidores sem o parcelamento e que o rombo em suas contas é maior que do governo Pimentel.
Com a população angustiada pelos rejeitos de suas próprias Minas Gerais, com a venda da folha de pagamento ao Itaú, com a terceirização da gestão de hospitais da rede FHEMIG à organizações sociais privadas e o rombo ainda maior nas contas do Estado, precisamos de uma alternativa.
É imensamente positivo que os camaradas Jésus Lima e Daniel Sucupira tenham se colocado como pré-candidatos ao governo do Estado em meio às especulações de aliança do PT-MG com o folclórico Alexandre Kalil, pois já tendo governado o Brasil e Minas Gerais o PT tem a obrigação política de encabeçar uma chapa democrática, popular e socialista ao governo do Estado.
Entretanto, além das pré-candidaturas, é preciso que o PT-MG faça uma análise de conjuntura detalhada sobre os principais temas da vida política da população mineira e os debata profundamente com ela, para assim chegar forte nas eleições e ter condições de eleger seu projeto, bem como uma bancada legislativa significativa que o sustente.
Há como derrotar Zema em Minas Gerais; é preciso colocar o pé na estrada.
(*) Lucas Rafael Chianello é advogado, vice-presidente do PT de Poços de Caldas e membro da direção estadual da Articulação de Esquerda de Minas Gerais.