Convocatória do seminário nacional de lutas urbanas, dias 24 e 25/1/2020
O V Congresso Nacional da Articulação de Esquerda, ocorrido em maio de 2019, aprovou a realização de Seminário Nacional para discutir os movimentos sociais e as lutas urbanas.
A DNAE, dando consequência a esta decisão, promoverá nos dias 24 e 25 de janeiro de 2020 este seminário.
Vivemos “tempos de guerra”, que se traduzem, por exemplo, nos aumentos abusivos e na privatização do que resta de transporte público, no sucateamento e privatização dos serviços de saúde, água e esgoto e no abandono de políticas dirigidas aos jovens e crianças.
Vivemos “tempos de guerra” e discriminação em relação aos imigrantes, aos jovens pobres e negros das nossas periferias, que muitas vezes são colocados diante da dramática opção entre estar ao lado de grupos ligados ao crime organizado ou viver sob a proteção das igrejas neopentecostais, que promovem, em sua maioria, uma mentalidade que leva ao conformismo e a resignação diante da crueldade da vida.
Vivemos “tempos de guerra”, onde em qualquer caminhada por centros urbanos neste país, percebe-se o aumento extraordinário do número de moradores e moradoras de rua, sem nenhuma perspectiva. Esta situação promovida por este modelo subalterno e excludente, já atinge mais de 12,6 milhões de desempregados e cerca de 55 milhões de pessoas sobrevivendo abaixo da linha da pobreza
Vivemos em “tempos de guerra” contra os espaços de participação popular, importantes na fiscalização e execução de politicas públicas.
Vivemos em “tempos de guerra”, com a crescente criminalização da pobreza e dos movimentos populares. A lógica é sempre a do despejo e uso da força contra qualquer luta e ocupação de vazio urbano.
Historicamente os movimentos de luta urbana, foram complexos e diversificados, e muitas vezes fragmentados na sua ação. O mesmo pode ir desde uma articulação entre luta específica de associações comunitárias/moradores, passar por uma articulação dos movimentos populares e chegar em pautas específicas como a luta pela moradia, pelo passe livre, pela saúde universal e de qualidade e pela luta por educação e creche.
No período dos governos populares de Lula e Dilma, acabou-se por implementar uma estratégia que, sem abandonar totalmente a luta das ruas, foi prioritariamente de institucionalização, tendo como um de seus aspectos a ação junto aos conselhos e fundos de participação.
Esta estratégia contribuiu para a construção de um importante arcabouço jurídico e de conquistas reais para o nosso povo. Mas deixamos de disputar projetos globais de sociedade e passamos a disputar programas de avanços sociais, e quando o golpe chegou havia poucas organizações com capacidade de luta, organização e resistência.
Compreender esta realidade, que é complexa e possui várias abordagens, pensar formas de organização e luta, unificar o acúmulo, evitar a dispersão que não cria consciência, é um grande desafio para os militantes da AE, do Partido dos Trabalhadores e de toda a esquerda política e social.
Com estes objetivos, realizaremos o seminário nos dias 24 e 25 de janeiro de 2020, convocando as lideranças e militantes da AÊ que atuam em alguns destas linhas de atuação e organização:
-movimentos de luta por moradia
-movimentos de luta por transporte
-movimentos de luta por saúde
-conselhos tutelares
-movimentos de desempregados
-catadores de papel
-sindicatos de servidores municipais
-cooperativismo
O Seminário terá três momentos:
1)um debate geral sobre o momento político;
2)um debate sobre a luta pelas reformas, em especial aquelas ligadas às lutas urbanas, e o que elas representam, nossa concepção sobre os movimentos de lutas urbanas e seu papel na transformação da sociedade brasileira;
3)um debate sobre nossa organização: mapeamento da atuação dos militantes da AE e o papel de cada um; como fomentar este debate nacionalmente; a construção da nossa Intervenção.
Direção Nacional da Articulação de Esquerda.