Por Antônio Augusto (*)
A eleição do Recife – estou falando como os recifenses falam de sua bela, histórica e insubmissa cidade, não como os cariocas que falam “de Recife”, “em Recife” (os pernambucanos dizem “no Recife”); afinal a eleição lá interessa principalmente aos altivos brasileiros do Recife, nascidos na mesma cidade deste gigante da Pátria: Frei Caneca (1779-1824).
Muito bem, feito todo este preâmbulo, o 2º turno do Recife não é importante por si só, afinal a capital pernambucana é a maior cidade do Nordeste, a 4ª região metropolitana do país.
Revela-se importante, muito, especialmente importante, esta eleição, para ajudar a destruir um mito, esta fantasia tão cara ao senso comum – e, mais ainda, aos que lucram (no sentido literal) com ela: a frente “democrática”, “ampla”, que seria a “única” capaz de nos fazer voltar à “democracia” e “derrotar Bolsonaro”.
Contra a candidata democrática e popular, Marília Arraes, 13, do PT, vejamos como agem seus adversários (ou inimigos?) da dita “frente ampla”.
Em torno do candidato João Campos (PSB), alinham-se o PDT e PCdoB. Ciro Gomes, que borboleteou pelas capitais do Nordeste a apoiar o DEM no 1º turno, é entusiasta do candidato, cuja vitória é considerada vital para este “novo polo político”.
Tem gente até que diz “o novo polo político” ser “a alternativa para uma nova hegemonia de esquerda”. Muitos deles, a exemplo de Ciro, fazem. “naturalmente”, profissão de fé do “antipetismo” – estigma fabricado pela golpista direita brasileira contra qualquer ideia democrática, popular e progressista.
A “FRENTE AMPLA” EM AÇÃO
No Recife, já clama aos céus que supostos democratas apoiem alguém como João Campos, cabo eleitoral fervoroso do bandido Aécio Neves (PSDB) na eleição presidencial de 2014.
O “socialista” João Campos, o organizador de passeatas golpistas pelo “impeachment” fraudulento da presidenta constitucional Dilma Rousseff. O “socialista” João Campos, o apoiador satisfeito do usurpador Temer.
Mas há mais, não satisfeitos com toda a baixaria eleitoral do 1º turno contra Marília Arraes, o que dizem agora, no 2º turno, os “democratas” da “frente ampla”, a candidatura apoiada por ciristas e pela direção nacional do PCdoB?
Espalham “fakes news” do esgoto neofascista bolsonarista pelo Recife inteiro:
“Esta mulher quer trazer o PT e suas mazelas para o Recife”.
“Ela pertence ao PT que persegue os cristãos no país inteiro”.
“Ela é contra a Bíblia Sagrada”.
Ao lado de toda as outras “fakes news” sobre “ideologia de gênero”, “kit gay”, etc, da demonização faz parte que “ela votou contra o perdão das igrejas”.
Isso para não falar do machismo infame posto em prática contra Marília. Que está tendo efeito inverso: nordestinos, no seu código de honra, abominam covardia.
Senhores, existe melhor prova das convicções “democráticas” dos adeptos da “frente ampla” do que a campanha deles no Recife?
Tudo isso, claro, a serviço da exclusão social de sempre do povo brasileiro. Não à toa João Campos fez campanha para Aécio. É a turma do “teto de gastos”… para o povo, cortes completos em Educação, Saúde, Habitação, arrocho salarial e desemprego, liquidação de direitos trabalhistas, e… cerca de 50% do orçamento nacional para o parasitismo financeiro dos bancos
PARTIDOS POPULARES
DEVEM FICAR DO LADO DO POVO
Não por acaso o PCdoB rachou em Recife, e parte da militância se engaja na campanha vitoriosa e empolgante de Marília Arraes.
O Governador Flávio Dino (PCdoB-MA) cujo nome tem sido usado na campanha de João Campos está ficando muito mal na fita com os recifenses e pernambucanos.
Estranheza maior é ver uma legenda (ainda) nominalmente comunista metida numa campanha “antipetista” com propaganda do esgoto bolsonarista.
Afinal o Recife sempre foi a terra da frente popular, da tradição comunista de militantes da envergadura de Gregório Bezerra e David Capistrano da Costa (heróis do povo brasileiro); frente popular que elegeu três vezes um socialista verdadeiro para a prefeitura do Recife, Pelópidas da Silveira, e o grande democrata popular Miguel Arraes, tanto para a prefeitura do Recife como para o governo de Pernambuco.
Marília Arraes é a continuação desta histórica luta democrática e popular, o contrário das “fakes news” bolsonaristas da fajuta, e também “fake”, frente “democrática” da oposição liberal burguesa.
Com Marília Arraes, 13, no domingo, rumo a uma grande vitória democrática e popular.
(*) Antônio Augusto é jornalista
(**) Textos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da tendência Articulação de Esquerda ou do Página 13.