Por Antônio Augusto (*)
Depois da lista contra centenas de brasileiros antifascistas feita pelo governo Bolsonaro, em junho de 2020, um dossiê de mais de 900 páginas, as práticas fascistas de polícia política deste governo extremista de direita vêm a público novamente.
Note-se que o boçal Bolsonaro deu naquela ocasião repetidas declarações fascistas, e completamente falsas, como é próprio de fascistas da laia dele, de que “antifascismo é terrorismo”. Quando qualquer pessoa minimamente informada em política sabe que o fascismo é a boçalidade e o terrorismo no governo, e no poder. Sempre que as condições permitem, o fascismo assassina democratas, liquida organizações de trabalhadores, institui a censura, e torna a polícia política onipresente.
Assim agiram Mussolini e Hitler, e a ditadura militar no Brasil, tão exaltada por Bolsonaro, uma ditadura terrorista em que a tortura virou “política de Estado”.
Não bastasse isso, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) este auxiliar de “office boy” do governo Trump – que já vai embora tarde da Casa Branca -, teve o desplante de repassar a lista de antifascistas ao governo dos Estados Unidos, criminalizando cidadãos democratas e antifascistas brasileiros.
Claro que tudo é inconstitucional, é violação de elementares liberdades democráticas dos cidadãos, é deduragem, é abuso inqualificável, são práticas ditatoriais de polícia política.
POLÍCIA POLÍTICA
BOLSONARISTA SEGUE ATUANTE
Como não foram exemplarmente punidos pela ominosa lista de junho, agora o governo volta, ou melhor, permanece com procedimentos, ações de polícia política contra críticos.
A ação desta vez partiu do ministro Paulo Guedes, que destrói o patrimônio público brasileiro, entrega as riquezas nacionais (como o petróleo do Pré-Sal) e tem como principal objetivo negociatas biliardárias em dólares (privatizações do Banco do Brasil, da Caixa, da Eletrobras, das refinarias da Petrobras, dos Correios, etc).
O banqueiro Paulo Guedes lesa nossa Pátria e quer fazê-lo sem críticas. Não por acaso foi funcionário da ditadura sangrenta do general Pinochet, e aponta até hoje este governo assassino como exemplo a seguir.
A nova lista, majoritariamente de pessoas de esquerda, como o sociólogo Emir Sader, a economista Laura Carvalho, o também sociólogo Jessé de Souza, o jornalista Palmério Dória, a escritora Marcia Denser, entre outros, inclui também uma jornalista como Hildegard Angel (que teve irmão e mãe assassinados pela ditadura militar), e até pessoas notoriamente de direita como os jornalistas Vera Magalhães, Rachel Sheherazade ou Marco Antonio Villa.
Todos classificados como “detratores”.
Jessé de Souza
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) pede a instalação da “CPI dos detratores” na Câmara dos Deputados para a investigação e punição de tão grave atentado aos direitos civis dos brasileiros.
O sociólogo Emir Sader (foto) disse o seguinte, em artigo no “247”, sobre mais esta ação fascista do governo Bolsonaro:
“A ditadura fazia listas, tinha também cartazes de rua, onde o rosto da gente estava estampado, como procurados, subversivos, que colocavam em risco a ordem pública. Eram governos do terror, porque prisão significava tortura e morte.
“Agora o governo lança uma lista dos influenciadores, positivos e negativos, do ponto de vista do governo, ou do ministro da Economia, Paulo Guedes, que gastou 2.700.000 reais para uma empresa fazer a lista. A empresa, que levou a grana do governo, com o nome de BR+ comunicação, usa o lema ‘Comunicar para melhorar o mundo’.
“Não direi que é uma honra, porque dessa gente não pode vir nada que tenha a ver com honra. É, pelo menos, o reconhecimento de que o que se faz os incomoda, que eles reconhecem quem os perturba, com quem eles se preocupam.
” ‘Detrator’, com muito orgulho. Quem, com um mínimo de dignidade, não se torna ‘detrator’ de um governo como esse, que tem um ministro da Economia como esse?
“O que eles não sabem é que os seus ‘detratores’ não são apenas os que estamos na lista, mas somos milhões, que um dia conseguiremos terminar com esse governo e com essas listas.
(*) Antônio Augusto é jornalista