Por Rafael Medeiros (*)
Diferentemente do que vem sendo noticiado pela imprensa marrom do Estado do Amazonas, imprensa essa fechada com governo Bolsonaro, o despejo da população e moradores da ocupação Monte Horebe está sendo realizada desde a madrugada desta segunda-feira, às 4h da manhã, e durará, em média, de 10 a 15 dias de operação.
A ocupação já tem 5 anos e conta com mais de mil famílias. O Estado repressor, representado por um contingente de mais de mil policiais, dentre eles, cavalaria, cães farejadores, PM, polícia de choque e a Rocam justificam os interesses no despejo da ocupação. Pois bem, a mídia marrom direitista e bolsonariana está ecoando, para fora, que a desocupação é pacífica e que possui um bom diálogo com a população, e que atos de violência não ocorreriam. Ora mil policiais? E uma estrutura imensa de máquinas, tratores, escavadeiras?
A explicação de fato é o real interesse nestas terras por terceiros. De um lado, o governo que reivindica com uma narrativa de área de “preservação ambiental”, por outro lado, o “interessado”, em particular, o empresário e pai do Governador do Acre e ainda, por um terceiro lado, reivindicando o terreno, o tão cobiçado terreno, um empresário que alega usucapião.
São 5 anos de ocupação, promessas e mais promessas de campanha, como por exemplo, a do vice atual governador do Estado e o próprio governador do Estado que estiveram em campanha prometendo moradia e vida digna para as mais de 10 mil famílias que lá residem. Contudo, outra narrativa do Governo do Estado do Amazonas já vem sendo construída há mais de um ano, uma narrativa de criminalização do local, com a justificativa de tráfico de drogas de facções, assassinatos e violência.Mas não há grandes prisões neste despejo, o que contrasta com a construção da narrativa usada pela Secretaria de Segurança e com o contingente REPRESSOR.
A população está desesperada, fazendo barricadas e começou na noite desta terça-feira um quebra-quebra. A polícia já está respondendo com balas de borracha e muita agressão. A notícia da imprensa marrom é uma desocupação pacífica, mas na verdade existem mais de duzentas casas que já foram derrubadas, e as famílias já sem lar. Existe um “salário social” para cobrir o aluguel e uma narrativa do governador dizendo que ninguém vai ficar ao relento. Mas já vamos para o terceiro dia em que a população dorme na rua sem água e sem luz e provavelmente nos próximos dias, em que as máquinas e tratores quebrarem os estabelecimentos comerciais que lá estão, a população vai começar a passar literalmente fome.
Então precisamos denunciar mais do que nunca os desmandos deste Governo bolsonarista. São mais de mil famílias no olho da rua, sem teto, sem água, sem luz e agora, logo mais, sem alimento. É de fato, algo desesperador de se ver. As pessoas já estão perdendo a cabeça, famílias aos berros de choro, crianças desesperadas, vídeos com pessoas doentes, deficientes que não tem para onde ir e o desespero toma conta do Monte Horebe. Não sabemos realmente o que fazer e a quem recorrer (relatou uma moradora), mas somos todos solidários e queremos uma providência e vamos ecoar tudo o que está acontecendo através dos moradores, da população e dos meios alternativos de comunicação. O povo está sendo humilhado e de forma irresponsável por um estado repressor bolsonarista. Assim se encontra o Estado do Amazonas, que não tem nem da Prefeitura e nem no estado uma política pública voltada para moradia, por que não é da prática e muito menos do interesse deste governo que está aí.
Precisamos de uma vez por todas gritar para todos os meios alternativos de mídia, pois a mídia bolsonarista está mentindo, está divulgando fake news para justificar a violência que estão promovendo na ocupação do Monte Horebe. Se nós não acordarmos nos próximos dias, a população vai entrar em desespero e com certeza o estado repressor irá usar o desespero das pessoas para justificar a violência do Estado policial em que vivemos e logo a notícia que teremos será a de que o Monte Horebe irá sangrar.
(*) Rafael Medeiros integrante do Movimento Tucumã