Por Gabriel Araújo (*)
De acordo com a jornal da burguesia imperialista, Financial Times, o mundo tem vivenciado o registro do menor crescimento econômico quinquenal dos últimos trinta anos. Em certa medida a pandemia de covid-19 e o que derivou da mesma teve papel importante para isso, porém a escolha de como lidar com essa situação foi o central para se chegar ao resultado mencionado anteriormente.
Em paralelo a essa situação, o mesmo jornal também divulgou que o endividamento público do conjunto dos países do globo terrestre teve uma enorme elevação nos últimos vinte anos. Em artigo anterior, informamos sobre esse fenômeno no Reino Unido, que é um dos principais países imperialistas do continente europeu.
A ação dos Houthis do Iêmen no Mar Vermelho, que foi tomada para pressionar o Estado de Israel e o conjunto dos países imperialista à pararem com o genocídio contra o povo palestino, começam a ser sentidas de maneira prática com a elevação dos preços de diversos itens transportados maritimamente por conta dos atrasos e no aumento dos valores dos fretes, conforme tem sido divulgado pela Al Jazeera.
A circunstâncias diante desse quadro, no que diz respeito a situação doméstica dos países imperialistas, principalmente os norte-americanos, não demonstram coesão política para se contrapor militarmente aos Houthis. Tanto é que houve uma significativa indisposição do governo com uma parte relevante de congressistas norte-americanos porque Joe Biden autorizou uma ofensiva militar sem o aval do parlamento, algo proibido nos EUA.
O reflexo dessa desconfortável situação interna dos países imperialistas é comprovada pela baixa adesão prática dessas nações (com maior participação dos EUA e Reino Unido em menor intensidade) nas ações que vem sendo efetuadas contra o iemenitas. A condição de desconforto para uma posição se dá porque a sociedade desses países não conseguem enxergar retornos concretos de melhorias nas suas condições de sobrevivência a partir desses conflitos. Um exemplo concreto, também, que revela essa questão foi a retirada francesa de países africanos e o recuo na posição de intensificar sua presença militar na região para recuperar o controle.
Essa situação relacionada ao transporte de mercadorias no Mar Vermelho se soma a crise do Mar Negro, onde a Rússia se retirou do Acordo de Grãos que permitia o transporte dos itens ucranianos para abastecer principalmente o continente europeu. Isso se junta a dificuldade energética da Europa, que tem vários países que dependem do gás e do petróleo russo, bem como dos insumos e fertilizantes agrícolas.
Apesar do discurso guerreiro com relação as nações do Oriente Médio e algumas ações militares para intimidá-las, em paralelo vemos os países imperialistas acuados tentando viabilizar uma redução na intensificação do conflito (principalmente no que diz respeito ao apoio ao governo Netanyahu) tanto na Palestina, como também na própria Europa no conflito entre Rússia e a Ucrânia.
Os acontecimentos no ano de 2024 podem ser mais surpreendentes do que os que vimos em anos anteriores, que nos trouxeram à situação atual. É evidente que isso faz parte da abertura de um período pré-revolucionário. A classe operária precisa desde já preparar suas organizações para tirar o maior proveito possível disso na sua luta pela libertação e evitar que a barbárie fascista que emerge em decorrência da crise se estabeleça. Não podemos morrer abraçados com o atraso decadente! Como nos apontou a presidente Dilma, é preciso que a esquerda se coloque cada vez mais enquanto um elemento anti-sistema.
(*) Gabriel Araújo é dirigente do MNLM e militante do PT