Por Valter Pomar (*)
Não faz tanto tempo assim, muita gente tinha dúvida em defender o Fora Bolsonaro. Aos que manifestavam dúvida, sempre dissemos: não dá para aceitar a permanência na presidência da República de um neofascista, de um miliciano, de um genocida, de alguém que só foi “eleito” graças a uma fraude.
Os fatos confirmam cada uma das acusações acima. O Supremo reconheceu que Lula poderia ter sido candidato em 2018. E integrantes do Supremo também reconheceram que o impeachment de Dilma se deu por razões políticas; portanto, foi um impeachment ilegal, pois o Brasil não é parlamentarista: só se afasta uma presidenta se ela tiver cometido crime de responsabilidade. E não existiu crime de responsabilidade!
Portanto, Dilma deveria ter governado até 2018 e Lula deveria ter sido candidato. Ambos foram tirados de maneira fraudulenta, beneficiando a eleição de um cavernícola que assume publicamente suas posições de extrema direita e seus vínculos com os milicianos. E que, conforme fartamente demonstrado pela CPI da Covid, contribuiu de maneira direta e indireta para a morte de centenas de milhares de brasileiros e brasileiras.
Por tudo isso, o impeachment é a única resposta possível. Apesar disso, muita gente dizia (e alguns seguem acreditando) que o impeachment é perigoso, pois saindo Bolsonaro entrará Mourão. Quem pensa assim, trabalha com um único cenário: o do cumprimento estrito do que hoje a Constituição prevê. Mas o que vimos desde 2016 é exatamente o contrário: o descumprimento da Constituição e/ou a alteração da Constituição sempre que isso era necessário para beneficiar as elites. Aliás, hoje estas elites já começam a falar em “semi-presidencialismo”.
Sendo assim as coisas, devemos lutar não apenas pelo impeachment, mas também lutar para constituir uma maioria congressual que estabeleça a convocação imediata de eleições presidenciais em caso de impeachment do presidente. Afinal, tirar Bolsonaro e colocar Mourão não resolverá os problemas do país. Os fatos recentes mostram que – além do comportamento ditatorial de sempre – os militares estão metidos em corrupção do quepe ao coturno. Esta gente deve ser mandada, não para os quartéis, mas para a prisão.
E por falar em corrupção, cabe sempre lembrar: o grande problema do país são os que assaltam o dinheiro público a luz do dia e dentro da “lei”. Os banqueiros, o agronegócio, os mineradores, os grandes capitalistas que são beneficiados por decisões do Congresso, do governo e do judiciário. Os que assaltam o dinheiro público fora da lei devem ser punidos, mas eles são café pequeno – os grandes criminosos roubam muito mais, ficam com mais da metade do orçamento público nacional.
Por isso, não vamos esquecer: queremos Fora Bolsonaro, queremos que junto saiam Mourão e os militares, mas principalmente queremos interromper as políticas contrárias à soberania nacional, ao bem estar social e às liberdades democráticas. Políticas que são apoiadas pelos bolsonaristas, mas também pelo DEM, pelo PSDB, pelo MDB e por todos os outros que agora criticam o cavernícola, mas que antes o ajudaram a chegar no governo e que seguem votando nas suas propostas de destruição nacional.
As manifestações de 29 de maio, 19 de junho, 3 de julho e 24 de julho são o caminho: só a luta impedirá a catástrofe. Fora Bolsonaro, fora Mourão, seu governo e suas políticas!
(*) Valter Pomar é professor e membro do Diretório Nacional do PT