Por Egydio Schwade (*)
Hoje, 7 de julho de 2023, completo 88 anos de idade. Dos quais 16 anos passei andando como celibatário país afora à procura de remanescentes dos povos originários, escondidos da violência e dos preconceitos. Depois, com família, vivo até hoje ligado à luta pelo engrandecimento das populações oprimidas.
Desde a criação do PT-Partido dos Trabalhadores no Estado do Amazonas me envolvi em seus objetivos. No interior do Amazonas, o PT foi construído pelos movimentos de base, sindicatos rurais e urbanos, comunidades eclesiais de base e outros. Nosso objetivo não foi e nem é governar a partir de Palácios e nem sonhávamos em ricas sedes urbanas.
O lugar histórico e sonhado de governar, para os militantes das forças populares, é o povo mais sofrido. Se organizar e governar com os valores cultivados e vividos pelas donas Lindu, pelos índios, pelos quilombolas, pelos agricultores familiares… E a partir deles, e não de Palácios, unir e treinar os “milhões de Lula” para governar o país.
Vejam o ensaio que o Lula fez no início deste 3º de seus mandatos junto aos Yanomami, um povo lascado. Em poucas horas de presença juntou “milhões”, no Brasil e no mundo, ajudando-os a governar. Não se sentiu necessidade do Planalto e nem dos “300 picaretas” do Congresso. Até os recursos financeiros foram aparecendo, segundo as necessidades, demonstrando que o Banco Central, não é tão imprescindível.
Mude o Executivo de lugar. Deixe o nosso grupinho de Lulinhas distrair lá no Congresso os “300 picaretas” e vá se movimentar em liberdade no meio do povo necessitado e abandonado do país.
Por outro lado, vejam o que acontece ao nosso PT quando se enfunera nos palácios de Brasilia. Após 4 meses de governo 13 delegacias regionais do importante INCRA, continuavam em mãos de bolsonaristas, inclusive, o da Bahia. Pois só podem ter sido estes que orientaram as infelizes falas dos ministros que criticaram o MST. O nosso Alexandre Padilha chegou taxar de “invasor” o MST da Bahia que fez a reforma agrária como manda a lei desde 1943. Muito triste! Com latifundiário e grileiro não tem diálogo.
E espero que o nosso querido Ministro Paulo Teixeira não dê valor ao prédio do seu Ministério da esplanada e não perca a preciosa oportunidade de se encarnar na realidade assumida e vivida pelo MST em seus acampamentos. E que a Sônia Guajajara e a Joenia Wapitxana não exijam uma sede para o Ministério dos Povos Originários e da FUNAI no ‘mar de lama’ de Brasília, mas governem sob a luz dos povos originários, os mais oprimidos, os mais necessitados, mas que nos apontam e vivem os valores que fundamentam a esperança da nossa sobrevivência neste Planeta.
(*) Egydio Schwade mora na BR-174, km 107/Amazonas