Por Marcos Jakoby (*)
Ontem (30), o presidente Lula postou a seguinte mensagem em uma rede social:
Confesso que a postagem me deixou inquieto. Primeiro, porque o que estamos presenciando não é uma guerra, mas sim, um massacre, um genocídio. Segundo, porque os “irresponsáveis” que promovem essa “guerra” têm nome e endereço: EUA e Israel.
Curiosamente, no mesmo dia, vários governos sul-americanos resolveram “falar grosso” com o Estado colonialista e racista de Israel. O Governo da Bolívia anunciou rompimento diplomático com Israel, enquanto Colômbia e Chile chamaram seus embaixadores para consultas, ambos os governos demonstrando taxativamente, e em termos diplomáticos, a insatisfação com os crimes de guerra cometidos por Israel contra o povo palestino.
O governo Lula está diante de uma decisão importante: ou escolhe se posicionar duramente contra Israel, ou seguir na diplomacia moderada da construção dos consensos que nunca vêm. Aliás, mesmo que se aprove alguma resolução na ONU condenando o genocídio e apelando-se por um cessar-fogo, o mais provável que Israel simplesmente a ignore, assim como já fez com outras inúmeras resoluções e nunca sofreu as devidas sanções e penalidades, pois sabe que conta com o apoio do imperialismo estadunidense e da maioria dos países europeus.
Diante desse cenário, o caminho mais correto, a meu ver, é governo brasileiro subir o tom com Israel. Seja chamando o embaixador brasileiro para consultas, suspendendo acordos, rompendo relações diplomáticas, seja tomando outras medidas, ou mesmo todas, de maneira escalonada. O Estado colonial e racista de Israel não conhece outra linguagem que não seja a da força, seja ela econômica, política ou militar. É preciso reconhecer que apelos humanitários não param a máquina de guerra israelense e seus objetivos colonialistas.
E por falar em romper acordos, não tem como deixar de mencionar que “no último dia 18 [de outubro], enquanto o exército israelense intensificava os bombardeios contra o povo palestino em Gaza, a Câmara dos Deputados aprovou projeto de 2021, que aprova acordos assinados por Bolsonaro em 2019” com Israel na área de “segurança pública” (mais informações aqui ).
Esses acordos de cooperação, com um Estado colonialista, já não deveriam ser aprovados em qualquer tempo, muito menos enquanto esse Estado comanda um genocídio. Infelizmente, na votação simbólica do projeto de lei, a orientação da bancada do PT foi de liberar o voto. Talvez, justamente, uma primeira medida do governo seja o de anunciar que irá suspender esses acordos, mesmo que aprovado pelo Congresso Nacional.
Palestina livre!!!
(*) Marcos Jakoby é professor e militante do PT
Uma resposta
O governo brasileiro precisa direcionar sua politica externa com firmeza e deixar claro para Israel e qualquer outro país que seguir a mesma, que nós não concordamos com as ações violentas que estamos presenciamos. Urgente o rompimento diplomático! E romper também com quem apoia estados autoritários genocidas…