Império acuado

Por Gabriel Araújo (*)

O discurso apocalíptico do Estado de Israel parece que não foi seguido à risca em sua prática. Logicamente que não se trata aqui de diminuir a relevância do banho de sangue que os fascistas comandados por Benjamin Netanyahu, mas de constatar que se a contraofensiva israelense tivesse se dado da maneira como havia sido divulgada, as coisas seriam muito piores.

Israel convocou 300 mil reservistas e colocou 100 mil soldados na porta da Faixa de Gaza. Vem bombardeando a região de maneira constante. Propagandeou que iria invadir militarmente a Faixa de Gaza por terra, mar e ar. Parecia que iria passar um verdadeiro rolo compressor em cima das 2,4 milhões de palestinos.

Nos últimos dias deram um ultimato para os palestinos, para que evacuassem a Faixa de Gaza, porque iria invadi-la por terra. O prazo se passou e a promessa, pelo menos por hora, não se concretizou. O pretexto para justificar a relativa inércia israelense seria por conta das condições climáticas na região.

Essa situação se materializa mesmo após os principais países imperialistas do mundo (EUA, França, Reino Unido, Alemanha e Itália) terem divulgado uma declaração conjunta afirmando “apoio firme e unido” ao Estado de Israel.

O Presidente dos EUA, Joe Biden, em entrevista para o Programa 60 Minutes, pediu para que Israel não efetue a invasão por terra, classificando-a como possivelmente “um grande erro”. Nesse sentido, a movimentação de porta-aviões e de demais componentes da marinha dos EUA no Mar Mediterrâneo, mais parecem medidas distracionistas do que algo efetivo.

Na mesma entrevista, Biden reconhece que é preciso abrir caminho para a constituição de um Estado Palestino.

As posições dos países do Oriente Médio – cada vez mais distantes de Washington – com relação ao conflito colaboram para que Israel e os EUA mantenham cautela de como agir nessa situação. Estão pisando em ovos.

Em centenas de países de todo o mundo, as organizações proletárias e democráticas tem saído às ruas em defesa do povo palestino, repudiando o massacre promovido por Israel. Essas atividades políticas ocorrem mesmo em meio a intensa perseguição política, chegando a máxima de serem proibidos atos em defesa da Palestina, além de uma ofensiva contra a liberdade de expressão. As atitudes repressivas nitidamente estão tendo o efeito reverso e a luta da Palestina está no centro do debate político.

Os estragos políticos da ação do povo palestino contra o Estado de Israel como podemos verificar, já tem seus efeitos imediatos e tem servido para mostrar a gravidade das feridas expostas do imperialismo.

Mesmo que militarmente Israel saia com a vitória militar, no longo prazo os países e povos oprimidos pelo imperialismo é que saem com conquistas concretas e duradouras. As relações geopolíticas não serão mais as mesmas após esse episódio. Esse episódio foi um marco histórico, porém ele faz parte de um conjunto de relações sociais que vem se metamorfoseando há algum tempo, de mudanças políticas de um estágio de decadência do capitalismo.

(*) Gabriel Araújo é militante petista e do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM)

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *