Por Reginete Bispo (*)
Dia 20 de novembro é o Dia da Consciência Negra, uma data que não apenas homenageia a resistência do povo negro, mas também nos instiga a refletir sobre a luta contínua contra o racismo estrutural que persiste em nossa sociedade. Infelizmente, neste mês de novembro, a celebração foi manchada pelo ataque ao Quilombo Kédi, em Porto Alegre – RS, um local de grande importância histórica para a comunidade negra.
O Quilombo Kédi é um símbolo vivo da resistência negra no Brasil, com uma rica história que remonta há mais de cem anos. Este território, certificado pela Fundação Cultural Palmares, desempenha um papel crucial na preservação da cultura afro-brasileira e na memória coletiva da comunidade. Além disso, o processo de regularização fundiária em andamento no INCRA destaca a importância de reconhecer e proteger esses espaços que representam a herança cultural afro-brasileira.
Durante a semana que antecede o 20 de novembro, o Quilombo Kédi foi alvo de um ataque por parte da empresa Country Empreendimentos Imobiliários Ltda. / CFL Zafari, na Nilo Peçanha com a João Caetano, zona nobre de Porto Alegre. Esse ato de violência não apenas agride fisicamente a comunidade local, mas também ataca a história e a identidade cultural que o Quilombo Kédi representa. É inaceitável que, em pleno século XXI, ainda enfrentemos episódios de violência contra espaços que são fundamentais para a preservação da diversidade cultural brasileira.
A agressão ao Quilombo destaca a urgência de uma atuação enérgica por parte das autoridades competentes. Como representante do povo e defensora dos direitos humanos, é crucial que nos unamos para condenar veementemente essas ações e exigir medidas efetivas para proteger os territórios quilombolas. A regularização fundiária, já em andamento, deve ser acelerada, e os responsáveis pelo ataque devem ser responsabilizados conforme a lei.
O Dia da Consciência Negra é mais do que uma data no calendário; é um chamado à ação, uma lembrança de que a luta contra o racismo é contínua e inegociável. O ataque ao Quilombo Kédi é um exemplo doloroso dessa realidade, mas também é uma oportunidade para nos unirmos em defesa da preservação da história e da cultura afro-brasileiras. Como representante do povo, sua voz e influência, podemos desempenhar um papel vital na promoção da justiça e na garantia de que episódios como este não se repitam. A proteção dos territórios quilombolas é uma questão de direitos humanos e justiça social, e contamos com seu comprometimento nessa batalha pela igualdade e respeito à diversidade cultural brasileira.
(*) Reginete Bispo é deputada federal (PT-RS)
