Por Iriny Lopes
O golpe de 2016, a prisão ilegal de Lula em 2018, para facilitar a eleição de Bolsonaro, a tentativa de criminalizar o PT e a esquerda exigiram de todas e todos nós estratégia, mobilização e articulação, inclusive internacional, para desmontar as mentiras repetidas à exaustão para desqualificar, desmoralizar o partido. Para além de mobilizar as ruas era preciso travar essa disputa nos Legislativos estaduais e federal, de forma a garantir a voz dos movimentos, sindicatos, organizações diversas e da população que dia a dia estavam vendo todos os programas sociais serem destruídos, com muitos agravantes a partir da eleição de Bolsonaro.
A Reforma Trabalhista de Temer desmantelou boa parte dos direitos trabalhistas. Desemprego, subemprego, informalidade. O cenário ideal para o capital é o desemprego em massa e uma fila imensa de pessoas querendo trabalhar. O pequeno estoque de vagas e o número excessivo de pessoas em busca de emprego favorece a exploração da mão de obra, os baixos salários, a ausência de registro em carteira e todo tipo de absurdos que o mercado impõe aos trabalhadores.
Programas sociais, que poderiam amparar o povo em situações de crise econômica e na resolução da desigualdade estrutural foram inviabilizados ainda no governo do golpista Michel Temer com a Emenda Constitucional (EC) 95, conhecida como do PEC Fim do Mundo, que congela por 20 anos os investimentos em políticas públicas. Em 2019, já no governo do fascista Bolsonaro, a Reforma da Previdência inviabilizou também a aposentadoria de brasileiras e brasileiros, especialmente os mais pobres.
O Legislativo, articulado com militares, mercado e Temer para derrubar Dilma Rousseff, sustentou o roteiro idealizado pelo grande capital, de retrocessos tão imensos que parecia termos sido enviados para o período da ditadura. O ódio alimentado contra as esquerdas foi instrumentalizado não só com fake news diárias emitidas por seguidores e pelo próprio Jair Bolsonaro, que editou inúmeros decretos facilitando o porte de armas, articulando sustentação ao seu governo à base da violência e se preparando para um futuro golpe, caso perdesse a eleição.
Hoje, há um milhão de armas em circulação no Brasil nas mãos de caçadores, atiradores e colecionadores, os chamados CACs, conforme dados oficiais. Não por acaso, temos visto notícias de negociações de armamento entre os CACs e organizações criminosas, como as milícias e o PCC, maior facção em atividade no país. Bolsonaro aposta na truculência e articula grupos paramilitares e seguidores solitários, incitando-os a atacar quem pensa diferente. O tesoureiro do PT do Paraná, Marcelo Arruda, foi uma dessas vítimas. Foi morto por um policial bolsonarista, que invadiu a festa de aniversário de Marcelo para assassiná-lo, por ter escolhido como tema Lula e o PT.
Esse era o cenário político que víamos se desenvolver a partir do golpe de 2016 e da prisão ilegal de Lula, que foi absolvido de todos os crimes posteriormente, após grande campanha demonstrando a farsa de todos esses processos.
Foi nesse contexto desfavorável, de ataques da ultradireita ao PT, que me candidatei, em 2018, a deputada estadual no Espírito Santo. No diálogo com os movimentos do campo e da cidade, avaliamos que era preciso colocar em discussão temas ignorados em um Legislativo de perfil altamente conservador.
Fui eleita e apesar de ser minoria, com a ajuda de todas e todos, conseguimos pautar e realizar mais do que imaginávamos. Indígenas, quilombolas, mulheres, negras e negros, movimentos de direitos humanos, da cultura, juventude, LGBTQIA+, meio ambiente, organizações do campo, como MPA, MST, os Atingidos por Barragens e também as urbanas encontraram as portas do mandato sempre abertas para ouvir todas as demandas e buscar soluções. E isso não se fez só com projetos de lei, que foram muitos, mas com articulação política, construindo mesas de resoluções de conflitos e grupos de trabalho com o governo, apresentando emendas parlamentares e ao orçamento, entre outras iniciativas. Dos quase 100 projetos que apresentei 21 viraram lei e desses pelo menos cinco eram voltados para as mulheres, as mais atingidas pelo desemprego, fome e violência, ampliada nesse período de crise sanitária.
Na pandemia, quando tudo parou por meses, trabalhamos duro para fazer valer direitos à saúde, mas também à alimentação, em um momento de recorde de desemprego. Conseguimos suspender os despejos no campo e cidade. Recentemente, em uma nova proposta, renovamos essa suspensão até o final deste ano, pelo menos. Nos juntamos aos movimentos sociais para combater a fome e a morte que rondava sobretudo o povo negro, os mais vulneráveis.
Trabalhamos muito, enfrentamos o fascismo e a avaliação do mandato feita com o conjunto dos movimentos é que a minha reeleição é importante para dar sustentação ao governo Lula, avançar mais no debate e na reconstrução das políticas públicas não só no Espírito Santo, mas no país. E é nessa frente pela democracia que nos juntamos com Lula por um Brasil, uma nação que respeite a sua gente!