Por Valter Pomar (*)
Já tinha lido uma entrevista do deputado Lindbergh Farias ao Brasil 247, disponível aqui: “A chegada de Galípolo muda tudo para melhor na economia”, diz Lindbergh | Brasil 247
Compreendo perfeitamente os motivos que levam o deputado a fazer este giro otimista.
Compreendo, mas destaco ser totalmente contraditório com o que o próprio Lindbergh disse publicamente, quando do debate acerca do arcabouço fiscal, para não falar de outras situações mais recentes.
Entretanto, motivos pragmáticos e programação neurolinguística à parte, a postagem do deputado sobre a “classe média em alta” me causou especial preocupação.
Isso porque faz lembrar a comemoração feita por alguns petistas, na época dos governos Lula e Dilma, exatamente acerca do crescimento da “classe média”.
Além do equívoco sociológico e além da mediocridade estatística, havia a mais completa ilusão acerca do significado político do que estava ocorrendo.
Na época, muita gente acreditava que a elevação das possibilidades de consumo ampliaria automaticamente a adesão e a votação em nossas candidaturas.
No que deu esta ilusão, totalmente economicista e despolitizada, nós já sabemos.
O incrível é que, mesmo sabendo do ocorrido, voltamos agora a repetir este e muitos outros erros.
Se não houver alteração na política do Partido e do governo, são altas as chances de colhermos retornos decrescentes.
Aliás, já estamos colhendo, como se viu nas eleições municipais de 2024 e como se vê nas pesquisas de opinião, segundo as quais a opinião pública não corresponde como esperado às realizações comemoradas.
Certamente, quando a situação se tornar irreversível, sempre haverá alguém disposto a colocar a culpa na mesma “classe média” que antes era exaltada.
Ainda bem que hoje é domingo. Dá para assistir pela enésima vez O feitiço do tempo. Lá pelo menos o desfecho é mais simpático que a marmota.
(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT