Por Fausto Antonio (*)
Epigrafia do nacional territorializado.
Lula colocou o território e os brasileiros na geopolítica mundial. Ficou evidente que o nacionalismo frouxo, aquele da patriotada bolsonarista, é página virada. O nacionalismo frouxo, a cara do burguês Bolsonaro, reduzia e reduz o nacional ao hino e à bandeira que, sem o território usado por milhões de brasileiros, são ícones ocos ou simulacros da burguesia branca e dos seus anteparos e privilégios perversos de classe, raça e poder.
Lula, na contramão do imperialismo e da burguesia branca brasileira que o prendeu, falou e bradou, na China, pela defesa do território nacional e soberania popular. Defender o território nacional, que só o é nacional pelo uso ou pelo fato de abrigar os brasileiros e os seus recursos sociais, passa pela defesa da soberania territorial, o que implica na defesa prioritária do povo brasileiro, da indústria e da moeda nacional. Com tais recursos estratégicos, o governo brasileiro pôde enunciar, em Xangai e Pequim, a política da paz, da autodeterminação e soberania de todas as nações no que concerne à liberdade de relações comerciais, culturais e políticas. A parceria com a China favorece a total liberdade de pesquisa informacional e de uso, especialmente, dos sistemas técnicos e estrategicamente das moedas dos países envolvidos; tudo, o que é fundamental, sem a tutela bélica dos EUA e da sua moeda despótica.
Lula, operário de lastro orgânico com sua classe de origem e líder mundial reconhecido, pautou exemplarmente os interesses nacionais e, ao mesmo tempo, reposicionou, sem medo ou vacilo, o Brasil na geopolítica global. O estadista e referência mundial, ciente da força geopolítica e territorial do Brasil na e para a América do Sul, Caribe e, com a África do Sul para os países africanos, situou estrategicamente o país como força motora nos BRICS e dos BRICS. Ademais, num movimento que tende a crescer, se posicionou na defesa dos territórios nacionais e, assim, se colocou abertamente contra sou em oposição aos espaços controlados pela OTAN-Imperialismo e suas empresas e empreitadas bélicas, golpistas e de dominação em todos os níveis; o propalado e praticado espectro total.
Diferentemente do nacionalismo frouxo, sem o povo territorializado, aquele nacionalismo bolsonarista que entregava o território brasileiro e as suas riquezas ou recursos florestais, hídricos, energéticos, minerais e estratégicos, a intervenção na China falou territorializando o nacional. Dentro desses limites, o Brasil ficou no centro, foco, e em evidência política e estratégica. Por outro lado, ficou evidente que o nacionalismo frouxo, aquele da patriotada bolsonarista, é página virada. O nacionalismo frouxo, a cara do burguês Bolsonaro e a serviço do partido militar e empresários, reduzia e reduz o nacional ao hino e à bandeira que, sem o território usado por milhões de brasileiros, são ícones ocos ou simulacros da burguesia branca e dos seus anteparos e privilégios perversos de classe, raça e poder.
O metalúrgico e ex-preso político do golpe de 2016, com o aprendizado de sindicalista e ex-preso político, usou o território brasileiro como sujeito nas negociações e no processo político de envolvimento com os BRICS e, a partir dessa organização, com a China. Afinal, o território é a primeira base ou medida dinâmica para a soberania nacional e popular. Lula sabe disso. Lula faz e fez política considerando, no território usado, os milhões de brasileiros. O território foi, o imperialismo e a burguesia branca brasileira não gostaram, o mediador da posição do governo brasileiro em Xangai e em Pequim. A imprensa capitalista sabe do acerto de Lula e de Dilma, no entanto, desdenha por razões políticas. No caso em pauta, a imprensa brasileira, sucursal do Imperialismo, repete os textos ditados e impostos pelos editoriais dos EUA. Em oposição ao apresentado pela imprensa golpista, em Xangai, o Banco dos BRICS, dirigido pela ex-presidenta Dilma, mostrou a importância que terá para a economia dos países pobres e em desenvolvimento. Em Pequim, no mesmo processo, o presidente do Brasil selou assentou acordos e, por igual relevância, foi protagonista com a China de propostas, que serão analisadas e provavelmente adotadas pelos países emergentes.
O sindicalista histórico viveu e aprendeu, na última eleição, o significado e a força do território vivido e usado pelos pobres, negros (as), trabalhadores (as) e toda sorte de excluídos e segregados espacialmente. O voto no atual presidente revelou que há o Nordeste geográfico; mas existem os Nordestes sociais e raciais em todas as Regiões do país. Podemos dizer que Lula viu a força dos lugares, que constituem o território brasileiro. Em parte, ele viu o Brasil como ele é.
A propósito, foram os lugares hegemonizados pelos excluídos que, na soma dinâmica das lutas e voto, convulsionaram o território pró Lula presidente. Ele sabe, como negritou na China, que o território é o povo e, assim, se dá ou será a relação com a China e o mundo. A medida para balizar a relação com o mundo será, em conformidade com os acordos assinados com a China, em total concordância e, notadamente, subordinada aos interesses brasileiros. Para o assombro da imprensa golpista, que fala em nome e ocupando o lugar das representações oficiais dos EUA, o gigante voltou e falou pelo território usado e/ou encruzilhado pelos brasileiros, que é o que revela o país e a soberania nacional.
(*) Fausto Antonio é escritor, poeta, dramaturgo e professor da UNILAB – Bahia.