Por Samuel Silva (*)
Estamos no mês do orgulho e pelo que há de se orgulhar?
Mesmo sendo o país que mais mata pessoas LGBTQIAPN+ no mundo nós seguimos resistindo e lutando pelo direito de existir.
Marginalizada e esquecida pelos poderes públicos, a população LGTQIAPN+ brasileira segue ainda liderando as estatísticas de morte, violência e abandono neste país. Numa lógica intensiva do capitalismo financeiro global, onde o único objetivo é expandir sua margem de lucratividade, a ótica dos corpos descartáveis e marcados para morrer ainda persiste sobre nossa gente.
Prostituição, fome, drogadição e tantas outras mazelas sociais, ocasionadas e intensificadas pelo capitalismo, são cada vez mais cotidianas nos grandes centros urbanos, tanto para nossas crianças e adolescentes, quanto para nossos adultos que foram expulsos de sua casa por serem quem são. Qual a saída para tudo isso, senão a luta coletiva?
É preciso reivindicação por políticas públicas que atendam as nossas demandas de cidadania. É preciso direitos básicos que nos reconheçam enquanto cidadãs e cidadãos desse país. Políticas de empregabilidade, formação técnica, inserção e acesso a cultura, esporte e lazer. Isso tudo só possível com uma política econômica que permita maior investimento e operação da máquina pública, que tenha como prioridade o seu povo e não o superávit comercial. Precisamos romper com a ótica da austeridade fiscal que é um conjunto de políticas econômicas direcionadas ao corte de gastos públicos.
A nossa humanidade precisa ser reconhecida e efetivada pelo estado brasileiro, reconhecendo nossas especificidades regionais e entendendo que somos diversos, múltiplos e o poder público precisa contemplar todas as demandas específicas do nosso povo e isso passa pela reversão da política de tetos de gastos. Também é preciso destacar que uma nação que permite o avanço do fundamentalismo religioso, operando intensivamente em todas as regiões do seu território, usurpando do povo a sua diversidade e criando um ambiente hostil a tudo aquilo que é múltiplo e que foge da régua de seus princípios morais, é uma nação que nega a vida e padroniza a morte de sua população.
Precisamos enquanto coletivo repensar rotas e desenhar táticas de mobilização para reivindicarmos a garantia e ampliação de direitos que de fato efetivem a nossa existência enquanto seres humanos.
Esse mês de junho é um convite, vamos juntes reivindicar o nosso país pois somos um dos vários brasis existentes em um só Brasil. É pelo direito de existir.
Viva ao orgulho LGBTQIANP+.
(*) Samuel Silva é dirigente da Articulação de Esquerda e Sec. De Direitos Humanos da JPT Sergipe.
Uma resposta
Muito bom.
É necessário mais artigos, pesquisas e propostas para politicas publicas à população LGBTQIANP+