Nota de repúdio ao apoio do governador Elmano Freitas ao projeto que determina distribuição de bíblias nas escolas públicas

A direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda e a plenária nacional de educadores da AE divulgam a seguinte resolução.


1.No dia 8 de agosto, Elmano de Freitas, governador do Cerará e militante do PT, discursou na abertura do 3º Congresso Ceará Pentecostal. Neste discurso, declarou seu apoio a um projeto legislativo que determina a compra de bíblias e sua distribuição nas escolas públicas do estado do Ceará.

2.O governador assumiu um compromisso anticonstitucional. O Estado brasileiro é laico. Respeita todas as religiões, não discrimina nem favorece nenhuma. Tampouco discrimina ou favorece agnósticos e ateus.

3.A posição do governador contradiz a orientação do nosso Partido dos Trabalhadores, bem como das forças de esquerda, democráticas e republicanas, que sempre combatemos a manipulação da fé com propósitos eleitorais.

4.A postura do governador fere, ademais, as determinações da LDB e das BNCC e fortalece a tese de que o ensino religioso como componente curricular está a serviço de uma religião e do combate às demais . É preciso fortalecer a tese contrária: o ensino religioso enquanto disciplina precisa respeitar a diversidade e as diferentes crenças e religiões, cabendo defender a laicidade e a liberdade religiosa.

5.Não sabemos, nem queremos saber, qual a crença religiosa do governador. Mas a posição por ele manifesta, de apoio ao projeto citado, não é um ato de fé, mas sim de oportunismo eleitoral.

6.Nos somamos ao Setorial Interreligioso do PT do Ceará e a todas as outras vozes que repudiam a posição do governador. Apoiamos todas as medidas judiciais que se tomem contra esta medida inconstitucional. E informamos que tomaremos as devidas medidas no âmbito partidário.

7.A esquerda brasileira e o PT em particular respeitam a fé do povo. Por isso mesmo, não respeitamos e não toleramos aqueles que manipulam esta fé.

Respostas de 8

  1. PG13, esqueci de parabenizá-los/as e de agradecer pela Nota de Repúdio, que expressa contundente indignação a esse projeto medieval de distribuição de bíblias nas escolas públicas!

  2. Entendemos (conforme as várias normativas constitucional e educacionais) que a escola não deve promover a experiência do religioso tal como ela se dá no terreiro, na igreja ou na mesquita, por exemplo. Ela é lugar do pensamento acerca do fenômeno religioso. Portanto, a emenda ao Projeto de Indicação em questão, que estende a cobertura da distribuição de bíblias a outros textos considerados sagrados de outras religiões (apresentada pelo líder do governo, deputado Romeu Aldigueri, PDT), também fere de morte a laicidade do estado brasileiro, que é condição para a liberdade de expressão da fé religiosa. Sem a laicidade seríamos impelidos a uma determinada religião. Sendo assim, a referida emenda parece correr para diluir a gravidade do problema que foi o apoio a esse movimento preocupante de sobreposição de interesses religiosos específicos aos do livre pensamento e sensibilidade. Uma ideia desastrosa e inconstitucional que solicita de nós não mais que o sincero empenho em seu combate.

  3. Obrigado pela atenção dispensada à nossa nota. Felizmente não estamos sozinhos com a nossa indignação. A luta não para e precisamos estar sempre prontos para o enfrentamento.

  4. Quando o Campo Progressista, vai aprender a não dar pregos para a extrema direita fascista nos crucificar, não basta o que fizeram com Dilma e Lula para servir de exemplo.
    Estamos filiando políticos de extrema direita ou que os apoiaram em detrimento de nossa prata da casa que levaram decadas de sofrimento e perseguições para criar, manter e lutar com os DM’s no mais variados rincões; no governo de Camilo Santana ele transformou o Liceu de Juazeiro em “pasmem” colégio militar, e no MEC fazendo acorditos com Lemmam; agora Elmano querendo incorporar biblias as escolas estaduais. Aí cria se os Comitês Populares de Luta para resgatar o elo perdido com as comunidades e o que eu vejo: ocupam a militancia com esta falacia enquanto os locus de poder sao ocupados pelos bolsonaristas recem filiados. Sinceramente está cada dia mais difícil ser petista.

    Viva Luis Inácio não sei até quando e depois?
    Viva o PT que flerta com a extrema burrice!

    Viva o Campo de Esquerda do Ceará que tenta resgatar o petismo autêntico e socialista.

    Senão garimparmos nov@s Lulas na comunidade, como quem tenta encontrar novos Lamas reencarnados para formar a nova geração. Ou então morremos na praia. Passou da hora de darmos o protagonismo para a comunidade local para que de la surja novos líderes, vereadores, prefeitos, deputados. E não que este formato narcisista e egocentrista que nada tem de fraterno, justo, pacífico e socialista. E para sair do capitalismo para um cheiro de socialismo temos que fazer política com seu componente principal “o afeto” que gera “confianca” que gera um “Campo politico” socialista e fraterno.

  5. A questão não é distribuir um ou todos os livros religiosos, mas de reestruturar o currículo das escolas para que formem cidadãos críticos, atentos, criativos e que tenham seus potenciais estimulados em todas as áreas.

    Escolas são espaços de aprendizados diversos que não incluem pautas religiosas.

    Religiões já possuem suas instâncias específicas para doutrinarem aqueles que as procurarem. Não cabe ao Estado laico investir dinheiro público em tempo de hora aula ou material para gastar com esse tipo de ensino.

    Religião não tem que se misturar com Instituições governamentais, estruturas educacionais, Três Poderes.

  6. Ainda bem que o estado é laico, imagine só se todas as religiões, todas sem exceção fossem distribuir seus livros, revistas e encartes dentro das escolas? Se for distribuir bíblias, então todas as religiões terão os mesmos direitos dentro das escolas.
    Tem crescido muito rápido o número de igrejas em cada esquina de uma cidade, principalmente nos bairros de periferia, tudo por causa da imunidade tributária e ao mesmo tempo esconder as dívidas ocultadas por esses senhores. Se não houvesse imunidade tributária, duvido que teria tantas igrejas assim em cada esquina.

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