
O golpe militar deflagrado no dia 27 de novembro de 2025, na Guiné-Bissau, insere-se em um histórico e recorrente quadro de violência militar e institucional no país.
Na raiz desses golpes, em cinco deles, de 1980 a 2025, observa-se a ativa participação das elites nacionais e, notadamente, dos militares, que dominam o Estado guineense, que é, por isso, militarizado e subordinado às diretrizes fundamentais do imperialismo estadunidense e dos países europeus.
Os golpes, sempre contrários à soberania nacional, asseguram privilégios para aqueles que controlam o país e resultam no consequente saque dos recursos minerais, energéticos e sociais. Subdesenvolvida por essa série de golpes, a nação fica à mercê das elites militares e da dominação, exploração e opressão do imperialismo. Este, por sua vez, privilegia os mesmos países opressores do processo colonial, escravista e divisionista (vide Conferência de Berlim, 1885) e continua a ser opressor, conforme evidenciado pelo advento da OTAN, em 1949.
Esta nota de repúdio conclama a esquerda brasileira, os movimentos sociais em geral, os movimentos sociais negros e os movimentos de africanos(as) na diáspora para a construção de um Comitê de Luta contra o golpe e pelo fim da violência e da tutela militar na Guiné-Bissau.
Conclamamos as forças políticas para a denúncia das agências e de outros mecanismos imperialistas que orientam as forças armadas e as elites internas que lucram com as instabilidades, com o subdesenvolvimento e com a pobreza social do país.
Propugnamos pelo pronto acolhimento das urnas e posse do candidato vitorioso, Fernando Dias da Costa, pelo retorno ao Estado de Direito, pela imediata libertação dos presos políticos e pelo julgamento dos generais golpistas, em conformidade com a Constituição da Guiné-Bissau e o sistema jurídico internacional.
Coordenação da Rede TV Matracas de Comunicação
São Francisco do Conde, BA, 30 de novembro de 2025
