Mais do que um concurso, o CNU foi um gesto político de esperança e reencontro com o país que sonhamos
Quatro jovens sorrindo, em clima de amizade, divulgando o Concurso Público Nacional Unificado do Governo Federal.
Por Michelle Catarine Machado (*)
O domingo foi histórico. Fiz o Concurso Nacional Unificado (CNU) no mesmo dia em que a Constituição Cidadã completou 37 anos — coincidência carregada de simbolismo. Foi como ver, nas carteiras e cadernos de prova, a própria Constituição sendo reescrita em silêncio por milhões de mãos. Entrei na sala com o coração leve e o sentimento de quem carrega uma história. Pensei nas gerações que lutaram para que o serviço público deixasse de ser privilégio e se tornasse direito. Lembrei das pessoas com deficiência, das mulheres, dos quilombolas, dos povos indígenas e dos jovens das periferias que sonham com o Estado como espaço de pertencimento. E foi impossível não me emocionar.
Durante a manhã, ouvi de uma candidata uma frase que ficou ecoando em mim:
“A possibilidade de você fazer essa prova, de ser igual pra todo mundo, é fruto de lutas dos nossos antepassados.”
Naquela fala simples e verdadeira estava condensado o significado do CNU. O Concurso Nacional Unificado é mais do que um processo seletivo, é o resultado de políticas públicas e da confiança de cidadãs e cidadãos que acreditam no Estado como instrumento de justiça e igualdade. Ao propor uma seleção única, acessível e inclusiva, o concurso concretiza os valores do artigo 37 da Constituição — legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência — e reafirma o compromisso com a igualdade de oportunidades. Reflete uma geração que reconhece o serviço público como espaço de diversidade, inclusão e pertencimento. Mais do que disputar uma vaga, participar é reafirmar a fé no serviço público como expressão do bem comum.
O CNU também simboliza o momento político que o país vive. Depois de anos de ataques e retrocessos, o governo Lula recoloca o Estado no centro da vida nacional, valorizando o trabalho público e quem o faz acontecer. O concurso unificado integra o projeto de reconstrução democrática, que devolve ao Estado seu papel de garantidor de direitos e promotor de justiça social. Mostra que políticas comprometidas com o povo podem restaurar a confiança e devolver à sociedade o que sempre lhe pertenceu: o direito de sonhar e participar.
No fim, percebi que o que menos importa é ser aprovada ou não. O essencial é o legado político desse dia, o gesto coletivo de um país que, 37 anos depois, segue acreditando na democracia, na pluralidade e na esperança. Foi o dia em que o Brasil fez uma prova, e reencontrou, entre tantas respostas, o que prometeu ser em 1988: uma nação de direitos, de dignidade e de futuro.
(*) Michelle Catarine Machado é jornalista e ativista de Direitos Humanos
Uma resposta
Texto Maravilhoso.Orgulho de vc e de ser Brasileiro