O efeito Boric

Por Valter Pomar (*)

No domingo, 7 de maio, ocorreram eleições no Chile.

A extrema-direita foi a grande vitoriosa.

E quando falamos de extrema-direita, estamos falando de seguidores de Pinochet.

A turma que, no dia 11 de setembro, vai comemorar os 50 anos do golpe de 1973.

A pergunta é: por quê?

Por quê a extrema direita venceu?

E por quê venceu de maneira tão avassaladora?

Fenômenos complexos, causas várias.

Mas entre estas causas, destaca-se o governo Boric.

O que fez e o que deixou de fazer.

E, principalmente, o pressuposto incorreto de que partiu.

O pressuposto segundo o qual a melhor saída está ao centro.

Noutros tempos, este pressuposto poderia mesmo ser o melhor.

Na época em que vivemos, não é.

Por razões também múltiplas – entre as quais destacamos a força da ultradireita, o tamanho da crise nacional e internacional, o grau de polarização geopolítica mundial – o tempo e o espaço disponíveis para manobras é menor hoje, do que no período 1998-2008.

E quando o espaço e tempo são menores, velocidade e precisão são fundamentais.

Boric, para além de inúmeros outros erros, não entendeu isto.

Verdade seja dita, ele não é o único que não entendeu isto.

A direita já venceu no Paraguai e no Chile, ameaça na Argentina.

Os nossos hermanos certamente terão muito o que nos contar, por ocasião da reunião do Foro de São Paulo, em Brasília, no final de junho de 2023.

Espero que, até lá, a esquerda brasileira tenha entendido o recado.

E mudado de linha, antes que seja tarde.

Afinal, a melhor saída está na esquerda, mas esta saída não ficará aberta o tempo todo.

ps. estou curioso para saber o que nos dirão os e as compatriotas que foram ao Chile, no dia 9 de abril de 2023, participar da criação da FUTURO – Rede Sul-Americana de Lideranças Políticas. Convenhamos: nunca o futuro chegou tão rápido e atropelou tantas ilusões, fazendo certos futuros virarem pretérito.

(*) Valter Pomar

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