Por Wilma dos Reis (*)
O 3º Encontro Nacional da Marcha Mundial das Mulheres “Nalu Faria”, que ocorreu de 6 a 9 de julho de 2024, na cidade de Natal/RN, teve a participação de mais de 1.200 mulheres de 22 estados, do DF, da Turquia e da Venezuela. Mobilizou, ainda, mulheres de diversos territórios das cidades, campo, águas, florestas e teve a participação de outros movimentos sociais (MST, MMC, MAB, CUT…) e sindicatos parceiros.
A programação do espaço teve como foco a análise de conjuntura, nossa organização e os desafios para o próximo período. Na abertura interna e em outros momentos, foram prestadas homenagens à companheira Nalu Faria, a principal referência do movimento em nível internacional, falecida em outubro de 2023.
Na abertura do Encontro, tivemos a presença da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, da deputada federal e pré-candidata a prefeita de Natal Natália Bonavides, da deputada estadual Isolda Dantas e representações do parlamento local, dos movimentos parceiros e partidos de esquerda.
Durante os quatro dias, acumulamos sobre a conjuntura nacional e internacional e seus impactos na vida das mulheres e nos territórios em que vivemos e atuamos. Mesmo diante de uma crise global por causa das mudanças climáticas, não existem medidas para desacelerar o avanço das transnacionais que trazem com seus projetos a precarização do trabalho e da vida da classe trabalhadora, além da destruição do meio ambiente, a exemplo das hidrelétricas, campos eólicos, mineradoras.
Alguns dos pontos aprofundados nos grupos de trabalho foram a precarização da vida e do trabalho, o avanço do conservadorismo, do fascismo e da extrema-direita, os ataques aos nossos corpos e sexualidades, bem como a política de morte em andamento na maioria dos estados, como aumento das violências contra as mulheres, as populações negra, indígenas, quilombolas e LGBTQIA+, a terceirização de serviços públicos essenciais à população e a militarização das escolas.
No dia 8 de julho, fomos às ruas entoando com a batucada feminista “Feminismo é Revolução!”. As marchantes levaram às ruas de Natal suas faixas e bandeiras de luta, denunciando as mazelas do capitalismo nos seus territórios e vidas.
Na plenária final, alguns dos encaminhamentos foram: a defesa da vida; o fortalecimento das iniciativas locais que garantem a autonomia econômica e dos corpos das mulheres; a construção do trabalho de base permanente; a resistência ao conservadorismo e contra o fascismo e a extrema-direita que cresce no mundo; a resistência ao parlamento conservador no Brasil; a ampliação das mulheres nos espaços de poder e decisão; a ampliação dos serviços públicos e do direito à saúde, à educação; luta pela soberania dos povos; dentre outros. Para acessar a Declaração do 3º Encontro Nacional da Marcha Mundial das Mulheres, clique no seguinte link: https://www.marchamundialdasmulheres.org.br/feminismo-e-revolucao-por-soberania-popular-e-de-nossos-corpos-declaracao-do-3o-encontro-nacional-da-marcha-mundial-das-mulheres/
Reafirmamos a necessidade da construção do feminismo socialista com o rompimento de todas as formas de opressões e a construção da nossa auto-organização e de alianças estratégicas com os movimentos populares na luta anti-imperialista e pela integração dos povos.
Por fim, do ponto de vista político, o Encontro foi extremamente rico, com partilha de construção nos territórios e experiências da diversidade presente e o aprofundamento dos impactos do capitalismo e seus pilares, as várias formas de opressões em nossas vidas e corpos, contudo, ao final, não foi debatido nem explicado o processo de definição da Executiva Nacional, sendo apenas apresentadas as companheiras que a compõem, gerando uma frustração às presentes.
Resistimos para Viver, Marchamos para Transformar!
(*) Wilma dos Reis é advogada e militante da Marcha Mundial das Mulheres no DF.