O PT, o joio e o trigo

Por Valter Pomar (*)

Enrico Berlinguer, do Partido Comunista Italiano

Recebi de um amigo uma citação.

Reproduzo abaixo a tal citação, mas com uma pequena alteração, que já explicarei.
“(…) um partido eleitoral, um partido à moda ‘americana’, isto é, um partido que pensaria só em ganhar votos, que desvalorizaria o trabalho de direto contato com a gente para lhes ajudar a pensar, a organizar-se, e a lutar, que esvaziaria de todo o conteúdo a militância política, que pensaria apenas em ter deputados, mais senadores, mais vereadores, mais assessores, mais postos de poder…. Mas um partido ‘renovado’ deste modo seria ainda o Partido dos Trabalhadores? (…)”

A alteração que fiz na citação original foi apenas no final.

A citação original fala do Partido Comunista Italiano, não do PT brasileiro.

Trata-se, segundo me disse o amigo citado, de uma pergunta retórica de Berlinguer, secretário geral do PCI, em um texto publicado em 1981, na revista Rinascita.

Em 1981, o Partido Comunista Italiano era chamado, por alguns, de o maior partido comunista do Ocidente.

Berlinguer morreu em 1984.

O Partido Comunista Italiano suicidou-se em 1991.

Uma das versões acerca do suicídio pode ser lida na obra resenhada aqui: Valter Pomar: Sobre “O alfaiate de Ulm”

Pano rápido.

De aqui até 27 de outubro, devemos fazer de tudo para ganhar o segundo turno das eleições municipais, especialmente em São Paulo, Fortaleza, Cuiabá, Porto Alegre e Natal.

Passada a eleição, se possível em um ambiente de vitória, teremos que enfrentar o debate sobre nosso presente e nosso futuro.

E nesse momento vamos separar o joio do trigo.

De um lado quem defende seguir trilhando o caminho gringo.

De outro lado quem defende reafirmar o PT como partido militante e socialista.

*

Transcrevo a mensagem do meu amigo: Pergunta retórica de Berlinguer em um texto para a revista “Rinascita” de dez. de 1981: “um partido eleitoral, um partido à moda ‘americana’, isto é, um partido que pensaria só em ganhar votos, que desvalorizaria o trabalho de direto contato com a gente para lhes ajudar a pensar, a organizar-se, e a lutar, que esvaziaria de todo o conteúdo a militância política, que pensaria apenas em ter deputados, mais senadores, mais conselheiros (vereadores), mais assessores, mais postos de poder…. Mas um partido ‘renovado’ deste modo seria ainda o Partido Comunista Italiano?” (Citado em Guido Liguori, Berlinguer Rivoluzionario. Il pensiero politico di un comunista democratico, Carocci, 2014)

(*)  Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT

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