Por Fausto Antonio (*)
Epigrafia pandêmica
Nas ruas, com máscaras, distanciamento e com os dois olhos na burguesia brasileira e imperialismo. O que queremos? Fora Bolsonaro e golpistas, vacina para todos e o fim da violência policial racista.
Os atos do dia 29 de maio de 2021, realizados em mais de 100 cidades, 23 capitais e Distrito Federal, são o divisor de águas no contexto político brasileiro pós início da pandemia. Os trabalhadores(as) que estão nas ruas e especialmente no trabalho formal e informal desde o início do ciclo pandêmico não suportam mais o abandono deliberado e executado pelo governo Bolsonaro e seus aliados golpistas. Olhem, malungos e malungas, os dados nacionais que ultrapassam 460 mil mortos. O governo federal não anda sozinho no que concerne à agenda neoliberal e antipovo. O número de mortos no estado de São Paulo, do golpista Dória, constitui a versão da mesma política aplicada pela cartilha neoliberal e imperialista. No estado de São Paulo há registros em torno de 70 mil mortos.
Relevando a situação, o que impedia a explosão Fora Bolsonaro e Golpistas e vacina já para todos (as) nas ruas? Entre outros pontos, podemos destacar a contenção midiática golpista e a falta de unidade na chamada e na organização da esquerda e dos movimentos sociais. A unidade da esquerda e dos movimentos sociais tem como ponto nuclear o pacto com os trabalhadores (as) e setores populares. O ato processou um deslocamento à esquerda nas ruas, isto é, no território usado pelos brasileiros para o deslocamento, abrigo e exercício do trabalho. A rigor, houve um deslocamento à esquerda a partir das ruas e do protagonismo popular. Com a mobilização do dia 29 de maio de 2021, caiu por terra a ideologia, que é um meio para a contenção da revolta popular em estado de ebulição, de que não é possível (não é politicamente correto) mobilizar e realizar atos de massa nas ruas. As ruas , domínio histórico dos pretos e pobres, estava à disposição da extrema direita branca brasileira, que é a base orgânica de Bolsonaro. Diante da articulada e insuportável política genocida em curso no Brasil, a burguesia brasileira, classe social e racial branca, perversa, só atenderá as reivindicações populares sob pressão e luta radical ditada pelas ruas e sem tréguas.
Os dados relativos aos mortos pela covid-19 são estarrecedores e revelam uma política deliberada, a partir dos marcos e dos interesses financeiros neoliberais, para esfolar e matar pobres, negros e trabalhadores (as), que lotam ônibus, terminais de embarque, estações e trens dos metros . Os atos de 29 de maio falaram e bradaram, no Fora Bolsonaro, que quem trabalha deve assegurar o direito de manifestação e de condução da política para conter a cadeia de transmissão da covid -19 e mudar o regime político.
É preciso continuar em estado de mobilização e nas ruas. Nem um passo atrás até a derrocada do regime golpista e avesso à soberania popular.
A burguesia, classe social perversa e racial branca, estou me referindo à realidade concreta do Brasil, só entende o mundo a partir de privilégios de classe e raça. Morrer dentro de casa e sem organizar um processo e programa para conter a cadeia de transmissão do vírus é vestir a camisa ou tarja fascista da ordem para pretos/pobres e progresso para burguesia branca, racista e perversa.
(*) Fausto Antonio é professor da Unilab – BA, escritor, poeta e dramaturgo