Por Gabriel Araújo (*)
A atual audácia de diversos povos oprimidos em distintos pontos do globo terrestre não deixam dúvidas: o conjunto dos países imperialistas enfrentam um dos períodos de maiores debilidades de sua hegemonia política, econômica e militar.
O atual e surpreendente levante em armas do povo palestino liderado pelo Hamas contra o poderoso Estado de Israel, em uma ação onde há total desequilíbrio de forças entre os dois lados em combate, foi mais um claro sinal de que as forças políticas anti-imperialistas tem a constatação muito evidente do enfraquecimento do domínio do imperialismo.
Na região do Oriente Médio, a expulsão do imperialismo do Iraque, do Afeganistão e a derrota na Síria, além do distanciamento político, econômico e diplomático, dos países dominantes de aliados como a Arábia Saudita e o Emirados Árabes Unidos (que recentemente entraram nos BRICS juntamente com Irã), corroboram para a constatação dos nítidos obstáculos para o equilíbrio da hegemonia política tal como vimos nos últimos anos desde a implementação das diretrizes políticas e econômicas do neoliberalismo.
Os levantes de diversos países africanos, a adesão do Egito e Etiópia aos BRICS (além de outros países como Argentina), a proposta de substituição do dólar nas transações internacionais, a retomada da esquerda à frente do Poder Executivo em vários países da América Latina e principalmente no Brasil, e o evidente fracasso na guerra da Ucrânia, se somam aos demais fatos políticos mencionados anteriormente.
Atualmente estamos vendo surgir diversos movimentos grevistas e reivindicativos em caráter quase que insurrecionais nas principais potências capitalistas, em decorrência do processo de deterioramento das condições de sobrevivência da classe trabalhadora nos países centrais (EUA e União Europeia). Enquanto os explorados desses países amargam o esfarelamento dos salários em decorrência de um significativo período de elevada inflação e de alta nas taxas de juros que retém os investimentos na economia real para transferi-lo para o mundo das finanças especulativas, eles veem seus Estados Nacionais despejarem rios de dinheiro em guerras contra povos que nunca fizeram absolutamente nada contra seus países.
Esses são sintomas inevitáveis daquilo que é apontado como crise crônica do sistema capitalista em seu estágio imperialista e neoliberal. A espoliação, a superexploração do trabalho e as incontroláveis bolhas financeiras, esticaram demais a corda e o desenho de um processo de ruptura ganha cada vez mais contornos do quadro político. Contudo, esses três sintomas mais evidentes que menciono, são uma resposta feroz e brutal, desses anos de crise crônica, e que tende a ser intensificada, porque afinal os capitalistas não vão abrir mão de seu poder político e econômico.
Logo, o proletariado brasileiro não deve ficar contemplando a situação internacional como apenas um agente passivo ou como uma tiete de processos revolucionários das nações irmãs. Deve entender seu papel como protagonista na situação.
A vitória contra os fascistas e os golpistas em 2022 foi uma importante contribuição que demos aos povos oprimidos e ao proletariado internacional. Porém muito do que poderemos avançar no próximo período enquanto classe trabalhadora internacional e nações oprimidas de capitalismo atrasado, dependerá do desenvolvimento interno das lutas de classes e anti-imperialista em nosso próprio país.
(*) Gabriel Araújo é militante petista e do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM)