EDITORIAL
Para derrotar Dória e Bolsonaro em SP: em tempos de guerra, a esperança é vermelha
O período iniciado com a crise do sistema capitalista a partir de 2008 jogou água no moinho de conservadores, fundamentalistas e fascistas em várias partes do mundo. No Brasil, a partir de 2013, e mais intensamente a partir da derrota eleitoral da direita liderada pelo PSDB em 2014, os setores mais reacionários de nossa sociedade, representados pelo judiciário, parlamento, forças armadas e mídia golpistas; e contando com apoio e financiamento da burguesia brasileira e dos Estados Unidos, iniciaram sua ofensiva, cuja primeira vitória foi o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, sem que ela houvesse cometido qualquer crime de responsabilidade. Esse golpe representou um ataque às liberdades democráticas e aos direitos da classe trabalhadora.
Em seguida, e com amplos setores de nosso partido, o PT, ainda amparados pela ilusão republicana de que a justiça burguesa seria justa, vimos a maior liderança da classe trabalhadora e líder das pesquisas de intenção de voto para presidente, ser condenada e presa sem provas. Dia 07 de abril completará um ano da prisão do nosso presidente Lula, vítima das arbitrariedades da operação Lava-Jato com apoio direto e com a conivência das várias frações da burguesia brasileira. A consequência mais imediata disso foi que o caminho ficou ainda mais livre para os fascistas e fundamentalistas de toda estirpe, culminando na vitória de Jair Bolsonaro para presidente da República.
No Estado de São Paulo, vimos os candidatos João Doria e Paulo Skaf declarando seu apoio à Bolsonaro, e Márcio França alegando “não ser a favor do PT”. Ao mesmo tempo em que Alexandre Frota, Janaína Paschoal e Artur Mamãe Falei se destacavam nas intenções de voto, chegando, no fim das contas, a garantirem suas vagas na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). A ala fascista do PSDB ganhou ainda mais força, respaldada e alimentada por todo o processo golpista que o tucanato tradicional fortaleceu desde que Aécio Neves pediu a recontagem de votos nas eleições de 2014. O resultado foi um PSDB que saiu das eleições menor do que entrou, e menor do que nunca, além de hegemonizado pelo setor fascista encabeçado por Joao Doria.
Nesse processo, o Partido dos Trabalhadores seguiu sendo a segunda maior bancada na Alesp e com uma tarefa muito importante de enfrentamento às políticas neoliberais e privatistas de João Doria. Diante de seu primeiro desafio político, contudo, a bancada, da qual muito se espera no combate ao fascismo e às políticas anti classe trabalhadora do governador eleito, deixou à desejar, apoiando o candidato tucano Cauê Macris à mesa diretora, valendo-se de argumentos que, se já há alguns anos não se sustentavam, após os acontecimentos dos últimos quatro anos, então, provam que o combate ao cretinismo parlamentar também é uma tarefa que está colocada para o conjunto da militância e das lideranças petistas. Para combater as medidas altamente prejudiciais à classe trabalhadora, e que estão sendo anunciadas por Doria desde o primeiro dia após sua vitória nas urnas, será necessária uma bancada parlamentar petista muito mais combativa e muito mais disposta a aprender com os erros do passado, para não os repetir, dessa vez como farsa.
Após quase trinta anos de governos do tucanato tradicional em São Paulo, João Doria se elegeu prometendo aprofundar dramaticamente a agenda conservadora e neoliberal de Alckmin e cia.: “Privatizar tudo o que for possível”, segundo palavras dele, é o que se pretende fazer em todo o Estado. Na área da saúde, uma política de OS’s possibilitada pelo desmonte do SUS a nível federal deve orientar o governo ao longo dos próximos quatro anos. Na educação, a tradicional precarização e desvalorização dos professores deve se intensificar ainda mais, num movimento seguido de perto por seu comparsa Bruno Covas, que na cidade de São Paulo avançou com a reforma da previdência municipal, o Sampa-Prev, política que motivou uma greve dos servidores
municipais que durou 33 dias. Na área da Segurança Pública, as ações repressivas do Estado sobre a população, especialmente das periferias, deverão ser ainda mais violentas, sem contar o encarceramento em massa que será fomentado pela privatização de presídios, já anunciada. As políticas de habitação, mais do que nunca, estão sendo submetidas ao controle da iniciativa privada, assim como os transportes, o lazer e até mesmo a água, já que uma das primeiras promessas do governo foi justamente a privatização do que resta de público da Sabesp.
Neste cenário de profundos retrocessos, o Partido dos Trabalhadores, que, apesar da derrota estratégica recentemente sofrida, segue sendo a principal referência da classe trabalhadora. O PT terá um papel fundamental no processo de reorganização, de lutas e de resistência contra o avanço conservador e neoliberal, processo este que não será uma “corrida de cem metros”, mas sim uma “maratona” para o conjunto da esquerda. À frente desse processo está a organização de comitês e a luta por Lula Livre, juntamente com as lutas contra a reforma da previdência a nível nacional e com as lutas no Estado de São Paulo contra as políticas de João Doria e companhia limitada. Vamos lutar até derrotar o fascismo e neoliberalismo, e pela superação do capitalismo, em São Paulo, no Brasil, na América Latina e no mundo!