Por Valter Pomar (*)
Hoje acontecem dois congressos estaduais de uma determinada tendência petista.
Em ambos estados, aconteceu algo parecido: militante importante saiu da referida tendência.
Até aí, normal.
O interessante, entretanto, não é o normal, mas o “novo normal”.
Em ambos casos, os tais militantes fizeram pequenas mensagens informando estarem saindo da tendência.
Em ambos casos não se informam os motivos políticos.
Antigamente, isso era praxe: a pessoa saia informando discordar do programa, da estratégia, da tática, da concepção organizativa, dos métodos da direção ou, até mesmo, criticando a “insistência” em disputar os rumos do Partido.
Nos dois casos citados, entretanto, não se disse absolutamente nada acerca dos motivos políticos que informam a saída.
Não vou transcrever, mas ambas cartas têm uma pegada subjetiva, do tipo “estou num novo momento em minha vida e preciso dar um tempo”.
O curioso é que, também em ambos casos, poucos dias depois de terem saído, as referidas pessoas já estavam de fato aninhadas noutro canto, onde se praticam outras políticas e outros métodos.
Na época de ambas saídas, preferi não comentar. Mas agora posso dizer: minha impressão é que “venderam o passe” e foram aplicar, noutro lugar, suas habilidades.
Sinal dos tempos. Na direita, “vender o passe” é algo normal e trivial, especialmente entre cabos eleitorais. Na esquerda em geral, no Partido em particular, isso também vem ocorrendo com frequência crescente. É um dos efeitos colaterais negativos da chamada via institucional.
Noutras plagas, há quem adote medidas cada vez mais duras contra alguns desses efeitos colaterais. Por exemplo:
Mas, infelizmente, em se tratando de China, há quem goste apenas dos negócios.
Para quem não pensa assim, seguem abaixo dois petiscos chineses:
Eliminar Resolutamente do Partido toda Ideologia não Proletária (marxists.org)
Liu-Chao-Tsi: “Como Conduzir a Luta Interna no Partido” (funkeirocomunista.blogspot.com)
(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT