Petista não vota em golpista!

 

Por Adriano de Oliveira*

 

Estamos no curso de uma batalha importante e decisiva para o desfecho da tática eleitoral do PT em 2018. Em todo o país, realizaremos Encontros de Definição da Tática Eleitoral do PT nos estados. A Articulação de Esquerda travará um combate por uma política de alianças coerente com a tática nacional de afirmar que eleição sem Lula é golpe, que Lula é inocente, preso político e será nosso candidato para derrotar o golpismo, convocar uma constituinte e reverter as medidas até então adotadas pelo governo ilegítimo de Michel Temer. Não tem plano B, como quer o condomínio golpista!

Reivindicamos o que foi aprovado no 6º Congresso Nacional do PT sobre política de alianças, na resolução sobre estratégia e programa:

“A política de alianças, incluindo as coalizões eleitorais, deve aglutinar quem partilhe de uma perspectiva anti-imperialista, antimonopolista, antilatifundiária e radicalmente democrática. Aponta para um governo encabeçado pelo PT, Lula presidente, com partidos, correntes e personalidades que estabeleçam compromisso programático dessa natureza. A consolidação de uma esquerda antissistema, com clara identidade de projeto, constitui elemento central de nossa orientação política.”

A coalizão golpista que “sequestrou” o chamado centrão, com honrosas exceções como a do senador Requião, tem como objetivo fundamental ampliar a exploração da classe trabalhadora brasileira. Para isso, realinham o país aos interesses do imperialismo norte-americano e fazem uma brutal ofensiva contra os direitos sociais e as liberdades democráticas duramente conquistadas pelo povo brasileiro.

Dada a atual correlação de forças entre classes sociais e o grau de resistência e mobilização do povo brasileiro e da classe trabalhadora, ainda insuficientes para derrotar o golpe nas ruas – embora conquistamos vitórias importantes, como o impedimento da contrarreforma da previdência – a possibilidade mais visível no curto prazo para derrotar o golpismo é eleger Lula presidente. Mesmo sequestrado e encarcerado a mais de 40 dias, Lula desponta a frente de todas as pesquisas de opinião e por isso o Diretório Nacional do PT tomou a correta decisão de inscrever sua candidatura até o prazo legal de 15 de agosto.

Essa é a principal batalha pelo futuro do Brasil por, provavelmente, longo período. Todas as demais batalhas que travaremos para eleger e reeleger governadores, senadores, deputados federais e estaduais tem que estar orientadas pelo objetivo estratégico de recuperar a presidência da república com Lula presidente e denunciar sua possível interdição como candidato como fraude eleitoral antecipada.

Nossa linha de campanha em todos os níveis deve ser de denúncia do golpe e das medidas golpistas, com destaque para a farsa jurídica da prisão de Lula sem provas, a escalada de violência e criminalização dos movimentos sociais com o crescente número de atentados (caravana Lula e acampamento Marisa Letícia) e assassinatos de lideranças, onde a vereadora Marielle é apenas o exemplo mais visível, considerando o aumento dos assassinatos de camponeses e o extermínio da juventude negra e pobre na periferia das grandes cidades.

Nosso linha de campanha deve denunciar o desmonte da Petrobrás e a tentativa de privatização de nossa principal empresa pública, bem como as privatizações em curso em áreas estratégicas como energia e terras fronteiriças. A recente aprovação de 1 trilhão de impostos para petroleiras estrangeiras em 25 anos, par e passo o congelamento do gasto público por 20 anos e a destruição dos programas sociais dos governos Lula e Dilma. Prova disso é que os programas sociais foram os que tiveram os maiores cortes – aproximadamente 40% – no governo ilegítimo do golpista usurpador Temer: o programa de enfrentamento à violência e a promoção da autonomia financeira da mulher teve uma redução orçamentária de 52%. Outro exemplo, o programa Alimentar de apoio a tecnologias sociais e acesso a água para o consumo humano e produção de alimentos na zona rural teve uma redução de 52,9% em relação ao ano anterior.

A política de destruição da CLT e a aprovação da terceirização irrestrita aprofundaram o subemprego e não tiveram efeito sobre a altíssima taxa de desemprego que assola o país, mais de 13 milhões de pessoas e massacra a juventude: 30 % desempregados e muitos empregados em empregos precários, de baixíssima remuneração, jornada extensa e elevada taxa de informalidade e rotatividade.

Como denunciar e conscientizar a população do desastre econômico, político e social em curso e a entrega de nossas riquezas (pré-sal) e soberania aliando-se com os patrocinadores do golpe e os que hoje dão sustentação ao governo Temer?

Temos convicção de que esta é uma pergunta de resposta óbvia da militância petista, se consultada fosse sobre a tática eleitoral em todos os estados e no distrito federal.

Infelizmente, setores dirigentes do partido que ainda não tiraram as devidas lições do passado recente e parecem incapazes de perceber que nossos inimigos de classe estão unificados e subordinados a interesses externos de lesa-pátria, ensaiam apoios e alianças com partidos e personalidades que apoiaram e apoiam o golpe que, como já afirmamos, foi dado para aumentar o padrão de exploração da classe trabalhadora brasileira.

Recuperamos aqui a resolução sobre balanço, também aprovada por consenso em nosso 6° Congresso Nacional do PT:

“[…] a hegemonia dos trabalhadores no Estado e na sociedade não depende exclusiva ou principalmente de administrações bem-sucedidas, nem tampouco de maiorias parlamentares, mas sim da construção de uma força política, social e cultural capaz de dirigir a sociedade e as instituições, derrotando nossos inimigos em todos os terrenos. Para construir esta força, deveríamos ter costurado um programa e uma aliança estratégica entre os partidos populares e os movimentos sociais, que pudesse ampliar o peso da esquerda, dentro e fora das instituições. Deveríamos, ainda, ter desenvolvido um trabalho articulado de disputa de hegemonia pelo partido, pelos governos petistas e pelas bancadas, através de políticas de Estado e das políticas partidárias de formação e comunicação, dentre outros. Sem isto, o nosso crescimento institucional foi insuficiente e, além disso, foi contaminado pelo financiamento empresarial de campanhas, afetando nossa nitidez político-ideológica, expondo negativamente nossa imagem, abrindo flancos para ataques de aparatos judiciais controlados pela direita.”

Nossa principal tarefa nestas eleições é recuperar nossa nitidez político-ideológica para recuperar e ampliar o apoio na classe trabalhadora e nas massas populares, superar as ilusões centristas e construir uma frente de esquerda para dar sustentação política a candidatura Lula e, na pior das hipóteses, ter força política e social para enfrentar a agenda golpista caso as eleições sejam fraudadas se consumada a interdição de Lula e a luta que se aprofundará contra o novo governo golpista e ilegítimo que sairá das urnas.

Não podemos perder de vista que o conflito fundamental que se trava na sociedade brasileira é entre os capitalistas e a classe trabalhadora.

Nesta quadra da história, aliar-se ao inimigo, seja em que nível for, não é só “tiro no pé”, é suicídio político.

Aos que quiserem optar pelo caminho do suicídio, damos um conselho: deixem a militância petista decidir o caminho. Foi a militância do PT que nos salvou das maiores encruzilhadas políticas de nossa história, citando aqui o exemplo do plebiscito sobre parlamentarismo ou presidencialismo e, para citar um exemplo mais recente, a rebelião nacional da militância contra os que queriam acordo com Maia na eleição da câmara.

Vamos imediatamente construir de baixo para cima a campanha Petista não vota em golpista e defender candidaturas próprias aos governos estaduais e distrital ou apoiar quem está na luta contra o golpe, fazendo com que todas nossas campanhas majoritárias e proporcionais vinculem seus programas e plataformas à tática e ao programa nacional da candidatura Lula.

 

* Adriano de Oliveira é membro do Diretório Nacional do PT

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