Por Marcelo Martins (*)
Formada por seis partidos – PT, PSOL, PCdoB, Rede, PV, Cidadania – e parte do PDT*, a coligação “Nossa família é o Povo”, pela reeleição do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e do vice-prefeito, Edilson Moura (PT), vai enfrentar, nestas eleições de 2024, outras oito candidaturas. São elas: a) deputado federal Delegado Eder Mauro (PL) e a sua nora Tatiane Coelho (PL) a vice; b) radialista Jefferson Lima (Podemos) e vice Aline Kzam (Podemos); c) Thiago Araújo (Republicanos) e vice Shirley Alves (AGIR); d) Delegado Eguchi (PRTB) e vice Bruno Barbosa (PRTB); e) Raquel Brício (Unidade Popular) e vice Gualdina Menezes (Unidade Popular); f) Wellingta Macêdo (PSTU) e vice Airton Moraes (PSTU) e g) Ítalo Abati (NOVO) e vice Acilon Baptista (NOVO); h) Igor Normando (MDB) e Cássio Andrade (PSB), na coligação partidária estão o MDB, União Brasil, PRD, PSB, PSD, Federação PSDB, Mobilização Nacional, Progressistas e parte do PDT. Leia a seguir trecho da nota deste partido: “o PDT de Belém não entra em consenso e depois de votação apertada em sua convenção, decide coligar com Igor Normando […] uma ala do partido manteve posição de apoio à reeleição de Edmilson Rodrigues assim como movimentos sociais do partido e demais lideranças” (de Belém).
Após 16 anos de governos liberais, a esquerda belemense retorna ao governo de Belém em 2021 com Edmilson Rodrigues (PSOL), sob altas expectativas da população na resolução dos seus principais problemas, porém, diante de uma conjuntura duríssima: perda estrutural da capacidade de arrecadação; defasagem salarial do funcionalismo público; sucateamento generalizado dos serviços e da máquina pública; pandemia da COVID-19 e todas as suas consequências; perseguição do governo Bolsonaro (2021 e 2022) à Prefeitura Municipal de Belém; “máfia do lixo”; fim dos prazos legais para utilização do aterro sanitário, entre outros problemas.
O quadro acima implicou em condições muito desfavoráveis ao governo, que iniciou o ano com alto percentual de reprovação. Segundo as pesquisas de opinião, a média foi de 70% de desaprovação até junho, o que implicou numa rejeição ao prefeito de Belém em torno dos 55% nesse mesmo período, com intenção de voto (na estimulada) entre 18% e 14%, contra 30% a 19% de Eder Mauro (PL) e 18% a 12% de Igor Normando (MDB).
Impacto nas pesquisas de opinião
Nas pesquisas de julho e início de agosto, destacam-se as duas últimas pesquisas com grande discrepância entre elas. A pesquisa encomendada pela Troika, do marqueteiro petista Patrick Paraense, realizada pelo instituto Doxa (divulgada em 20 de julho), apontou, na estimulada, os seguintes dados: Igor Normando (MDB) 20,8%; Eder Mauro (PL) 19,5% e Edmilson Rodrigues (PSOL) 13,1%; NS/NR/BN 12,1%; Jefferson Lima (Podemos) 11,2%; Thiago Araújo (Republicanos) 10,8%; Delegado Eguchi (PRTB) 6,8%; Ítalo Abati (NOVO) 1,2%. Quanto à rejeição: Edmilson Rodrigues (PSOL) 51,6%; Eder Mauro (PL) 16,3%; Igor Normando (MDB) 0,6%; Jefferson Lima (Podemos) 0,7%; Thiago Araújo (Republicanos) 0,3%; Delegado Eguchi (PRTB) 2,7% e Ítalo Abati (NOVO) 0,1%.
A pesquisa divulgada em 11 de agosto pelo Instituto DataIlha mostra os seguintes índices na estimulada: Igor Normando (MDB) 21,5%; Edmilson Rodrigues (PSOL) 20,1%; Éder Mauro (PL) 18,3%; Thiago Araújo (Republicanos) 11,3%; Jefferson Lima (Podemos) 6,7%; Delegado Eguchi (PRTB) 3,9% e Ítalo Abati (NOVO) 1,2%. Quanto à rejeição, o cenário apontado era: Éder Mauro (PL) 28,7%; Edmilson Rodrigues (PSOL) 25,5%; Delegado Eguchi (PRTB) 8,8%; Thiago Araújo (Republicanos) 5,3%; Igor Normando (MDB) 5,1%; Jefferson Lima (Podemos) 4,6% e Ítalo Abati (NOVO) 0,9%.
A reação do governo municipal
Importante considerar que as ações positivas do governo Edmilson possuem direta influência na melhora da percepção sobre a Prefeitura, passando pelo desempenho do candidato nas pesquisas recentes, que mostram o aumento da intenção de voto, bem como a queda da rejeição.
Vale destacar, pois, a implantação do novo sistema de coleta, tratamento e destinação do lixo de Belém, a entrega de aproximadamente 72 escolas parcial e ou totalmente reformadas, obras no centro histórico (exemplo da feira do Ver O Peso), duplicação do quantitativo de Agentes Comunitários de Saúde, entre tantas outras obras e serviços que vêm mudando, visivelmente, a cara da cidade para melhor.
Em grande parte, esse cenário se deve ao apoio decisivo do governo do presidente Lula (PT), que trouxe a COP30 para Belém, e fez um grande esforço de governo com abertura de crédito, investimentos pesados e os colocou sob o comando do prefeito Edmilson Rodrigues. O prefeito, por sua vez, se orgulha desse apoio do governo federal, e da amizade pessoal e admiração que nutre por Lula de longa data.
Outrossim, a estratégia da campanha de Edmilson, do PT e da coligação mudou a partir de março, quando adotou ritmo de confronto, principalmente com a candidatura da família Barbalho, Igor Normando (MDB). O governador Helder Barbalho (MDB) criou uma candidatura própria do campo político que comanda, colocando seu primo Igor como candidato à Prefeitura de Belém, por não acreditar que Edmilson seja capaz de enfrentar e vencer o bolsonarista Eder Mauro (PL). Mas, também, como forma de dar o troco pelo apoio não recebido de Edmilson e do PSOL em 2022, quando concorreu a reeleição.
Polarização política no Brasil e o efeito Lula em Belém
É fato dizer que em qualquer debate na feira, no ônibus (ou carro de aplicativo), escola, local de trabalho, bar, geralmente, ocorre um afunilamento da conversa sobre as posições tomadas por um e outro nas eleições de 2022, “votou em Lula? Apoiou Bolsonaro?”, foi “contra ou a favor da tentativa de Golpe?”. Isto posto, implica compreender que as eleições municiais de 2024 serão marcadas por forte polarização entre estes campos, sem esquecermos que o bolsonarismo é um dos campos do neoliberalismo no Brasil e, onde a “direita gourmet” não possui opção viável eleitoral, irá apoiar as candidaturas de “cavernícolas” da extrema-direita, como Eder Mauro (PL).
Não obstante, há quem fale e haja como se isto não fosse central e decisivo, ou seja, vencer a batalha contra os fascistas. Este não é o nosso caso. O central para nós é guerrear pela esquerda para vencê-los, sem concessão. Para cumprir tal missão, vamos de Edmilson Rodrigues prefeito e Professor Leirson vereador de Belém!
Professor Leirson vereador de Belém, com Érika Moreira e Silvia Reis
As tendências internas do PT Articulação de Esquerda, Avante e Militância Socialista formaram, há um ano, o Bloco Petista, Militância na Rua, com o propósito de aprofundarmos os laços de solidariedade e luta com mulheres, negros e negras, povos tradicionais, população LGBTQIA+ e todos os que constroem uma sociedade mais justa e igual, pelo fim da exploração do homem pelo homem e a superação do capitalismo.
Daí surgiu a nossa candidatura por um Mandato Coletivo Petista para Belém, por meio da candidatura do Professor Leirson, especialista em História pela UFPA, professor com atuação em escolas públicas e privadas da Ilha de Mosqueiro/Belém, fundador e coordenador do Cursinho Popular Mosqueiro, ex-coordenador do CRAS (Centro de Referência e Assistência Social) de Mosqueiro, vice-presidente do Partido dos Trabalhadores do Pará, com profunda atuação nos movimentos culturais, populares e meio ambiente.
Estão juntas nessa caminhada Érika Moreira, pré-candidata a vice-prefeita de Belém 2024, ex-candidata a deputada estadual em 2022, coordenadora Estadual da União Nacional por Moradia Popular (UNMP-PA), e Silvia Reis, pedagoga e coordenadora de Empreendedorismo e Economia Solidária da SEASTER (Secretaria Estadual de Assistência Social, trabalho, Emprego e Renda), ambas feministas e com longa trajetória de lutas nos movimentos populares, culturais, antirracismo, por moradia popular e o direito à cidade.
Em 2024, vamos de Professor Leirson vereador de Belém, por um mandato coletivo, popular e socialista!
(*) Marcelo Martins é dirigente da AE-PA, historiador e mestre em linguagens e saberes amazônicos/UFPA.