Com o povo de Fortaleza, em defesa de uma cidade inclusiva e sustentável!
Passado o período eleitoral, este seria o momento apropriado para a direção municipal do PT convocar militantes para um balanço e aprendizado político do resultado da disputa em Fortaleza. Pela mídia, no entanto, se noticia que dirigentes municipais do partido estão com foco em outra ordem de preocupações.
Lamentável caso sejam verídicos os rumores de que dirigentes partidários estariam negociando às escondidas barganha para compor o governo do PDT.
O partido deve à sua militância realizar uma avaliação mais detida da tática petista, que levou nossa candidata a prefeita ter alcançado mais de 227 mil votos e que garantiu a reeleição de nossa bancada na Câmara municipal, e que se deu mesmo sem o apoio do governador, que não escondeu sua preferência pelo opositor.
A definição de uma candidatura própria do PT, numa linha programática participativa, dentro do modo petista de governar na capital, foi um aprofundamento da linha política de oposição de esquerda, expressa na renovação da direção partidária, em que participamos da eleição do companheiro Guilherme Sampaio presidente e a conformação de uma maioria dirigente no diretório.
O decisivo apoio crítico do PT, da esquerda e das forças democráticas a Sarto (PDT) no segundo turno, teve como objetivo tático deter a onda bolsonarista na 5. maior capital do país e não representou em nenhum momento uma validação das políticas de retrocesso da gestão do PDT em Fortaleza e seus métodos fisiológicos.
Pelo contrário, o PT foi durante oito anos uma voz crítica aos desmandos, à política de regressão dos fóruns e conselhos participativos, às flexibilizações na legislação e anistias nas irregularidades urbanísticas, ao abandono irresponsável do patrimônio ambiental da cidade, especialmente na Sabiaguaba – oito anos sem dar um passo na delimitação e proteção da APA e do Parque Natural das Dunas.
Sarto elegeu-se em nome da continuidade de tal programa das elites das áreas nobres da cidade: insuficiente para um salto qualitativo numa gestão democrática da cidade num governo compartilhado com o povo, com mais saúde, produção, economia e renda para os bairros; e incapaz de executar de planos efetivos de segurança, geração de emprego e de combate à fome e às mudanças climáticas.
A gestão do PDT não tem compromisso nem com o projeto elaborado pelo seu próprio Instituto de Planejamento: o plano Fortaleza 2040. A participação de centenas de atores/atrizes sociais e o investimento de milhões de Reais boicotados pela sanha imediatista das negociatas do gabinete do Prefeito e da Secretaria de Meio Ambiente aliada ao setor da especulação imobiliária na cidade.
Neste sentido, o PT foi votado pelo povo de Fortaleza defendendo em sua campanha o oposto ao modelo que está aí. Participar desta administração elitista seria um estelionato eleitoral, contra nossa militância, apoiadores/as e eleitores/as. O que espera o pensamento democrático de esquerda na cidade é uma oposição responsável, propositiva e coerente, pautada na realização das demandas populares, para o bem da cidade como um todo.
O PT deve corresponder ao seu papel histórico, sem deixar à direita fascista o papel de “oposição”. Assim, devemos atuar como canal representativo e coerente, alinhado aos movimentos sociais, que apostaram num programa de retomada e avanço nas conquistas sociais para quem mais precisa: educação, habitação popular, qualificação urbana nas periferias, Cucas para juventude, do Hospital da Mulher, etc.
Para tanto, devemos sim compor com o PSol e os demais partidos, movimentos e forças do campo democrático-popular, para cobrar transparência na gestão pública, exercer a vigilância sobre a aplicação correta dos recursos e das contas públicas, desprivatizar o Estado, fortalecer o planejamento urbano, as políticas sociais e a preservação ambiental.
Fortaleza, 28 de dezembro de 2020.
Direção da Articulação de Esquerda do PT-CE