Por Walter Takemoto (*)
Nas redes sociais debate-se a “grande” aliança formada na câmara federal para a eleição do presidente, articulada por Rodrigo Maia do DEM.
Entre os petistas aparentemente a maioria aplaude a participação do PT nesse grande acordo, com frases do tipo:
– Estamos com Maia para derrotar o Bolsonaro e o golpe!
– Foi uma jogada de mestre, agora temos uma Frente Ampla em defesa da democracia e isolamos o governo Bolsonaro!
– Derrotamos Bolsonaro e vamos ter uma agenda progressista para a câmara que impedirá retrocessos!
Fico lendo os argumentos e acabo tendo que perguntar para os meus botões:
– Não foi o PSDB que deu inicio ao golpe que levou a deposição da Presidenta Dilma?
– Não foi o MDB do Temer que tomou de assalto o Planalto com o golpe contra a Presidenta Dilma e deu inicio ao maior processo de retirada de direitos da classe trabalhadora e de destruição dos serviços e patrimônio público em nosso país?
– Não foi o DEM de Maia e Alcolumbre que comandou no congresso nacional todas as votações de interesse do desgoverno Bolsonaro e barraram todos os pedidos de impeachment?
– O PSL não é o partido pelo qual se elegeu Bolsonaro e outras figuras nefastas da política brasileira?
Retrucam os defensores dessa “Frente”: não podemos ficar isolados, é fundamental ocuparmos cargos na mesa diretora, comissões, para barrarmos o retrocesso, defendermos os direitos dos trabalhadores e aproveitar para aprofundar a divisão entre os representantes do poder econômico!
Pergunto a eles: desde quando PSDB, MDB, DEM, divergem da política econômica defendida por Guedes? Das privatizações? Da reforma administrativa?
Não podemos ficar isolados no parlamento? E o isolamento nosso das lutas dos trabalhadores e do povo, não os incomoda? O que dirão todos e todas que foram às ruas lutar contra o golpe e por direitos, em defesa da liberdade do Presidente Lula, quando veem que o PT se aliou com aqueles que foram responsáveis pelo golpe e suas consequências?
Se é importante eleger parlamentares e governantes dos partidos de esquerda, democráticos e populares, muito mais importante é que esses partidos, seus dirigentes e militantes estejam presentes no cotidiano da vida da população lutando lado a lado por direitos, contribuindo com sua organização, formação e capacidade de luta.
Sem a mobilização e luta popular não se conquista vitórias no parlamento, a história demonstra isso.
Alianças desse tipo, seja no congresso ou nas câmaras municipais, como aqui em Salvador em que os vereadores e vereadoras do PT aprovaram apoiar um carlista para a presidência, apenas reforça a campanha difundida pelos meios de comunicação para facilitar o golpe de que todos os partidos são iguais e que tem levado ao crescimento das abstenções, nulos e brancos.
Alguns dizem que nós que somos contra essa Frente Ampla paramos no tempo, na Revolução Russa. O que não fazemos, em hipótese alguma, é nos rendermos as facilidades das negociações em nome do povo, que continua cotidianamente sofrendo as consequências da manutenção da exploração e opressão, pois não será com concessões que se mudará a estrutura perversa da nossa sociedade.
E é preciso dizer com todas as letras: se não formos nós que continuaremos a lutar por uma mudança radical na sociedade, quem será?
O próximo ano que está ai será de agravamento do desemprego, da ampliação da miséria, da violência, dos ataques aos direitos dos trabalhadores, e é nossa responsabilidade resistir e lutar ao lado da população para derrotar o governo genocida do Bolsonaro, o golpe e todos aqueles que enriquecem à custa da miséria e da exploração da classe trabalhadora.
Quem ficar sentado esperando que 2022 chegue, já está derrotado desde ontem.
#ForaBolsonaroeSuaQuadrilha
#comgolpistanãotemacordo
(*) Walter Takemoto é militante petista em Salvador