Por Valter Pomar (*)
Acabo de ler no instagram do cidadão a seguinte mensagem:
“Estive agora com Ministra @gleisihoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, para tratar de questões importantes para o Rio e o Brasil, e falamos também da situação do PT e de nossas eleições internas, já que hoje é o último dia para inscrição de chapas e candidatura a presidente do PT”.
“Fiz nos últimos meses o debate do que acho ser fundamental para o PT e os melhores perfis para nos dirigir, mas já tinha dito ao próprio presidente Lula que acataria sua vontade, seja qual fosse”.
“De ontem para hoje o comando da CNB, do qual faço parte, fez várias rodadas de conversa para buscar a unidade da corrente. A ministra Gleisi, que foi presidente do PT e tem o respeito de todos, e agora como ministra de absoluta confiança do presidente Lula, deixou claro o apoio, o empenho e o pedido de apoio do Presidente Lula à candidatura de Edinho a presidente”.
“Atendendo ao Presidente Lula e contribuindo para a unidade da CNB, que é indispensável para a boa governança do PT, e para termos um partido com rumo e unido para a reeleição do presidente Lula eu vim conversar com a Ministra Gleisi, e aqui chegamos à conclusão de que o melhor é não registrar candidatura a presidente e sairmos com a CNB unida e com Edinho sendo o candidato de todos e todas a presidente”.
A mensagem acima pode ser conferida aqui:
https://www.instagram.com/p/DJ2IsmVJUYZ/?igsh=MmtxdGYyMWNyeXRy
Algumas pessoas me disseram estar surpresas com o fato, tendo em visto os alhos e bugalhos que Quaquá disse a respeito de Edinho, inclusive na entrevista ao Manifesto Petista, entrevista que está disponível no seguinte endereço: https://youtu.be/gK14ehT37HI
Não me surpreende a decisão de Quaquá, muito menos seu “argumento”.
Afinal, faz tempo que prevalece em setores do Partido a lógica de acatar a “vontade” do presidente, “seja qual fosse”.
Quem adota esta postura pode ser, na melhor das hipóteses, um bom ministro. Na pior, um belo de um puxa-saco. Mas em nenhuma hipótese serve para ser presidente do Partido.
Pois o mínimo que se espera de um presidente do PT é que seja capaz de expressar o ponto de vista do Partido, mesmo quando este ponto de vista não coincidir com a “vontade” do presidente da República.
Aliás, o uso do termo “vontade” neste contexto é bem revelador da lógica torta adotada por Quaquá neste e noutros debates.
Como já vimos no passado, em outros partidos e em outros países, essa lógica torta serve inclusive para -se tudo der errado – transferir a responsabilidade para o dono da vontade, eximindo os que se limitaram a “acatar”.
De outro lado, o esforço que foi feito para atrair Quaquá é revelador de quanta tolerância existe, dentro de um setor do Partido, quanto aos métodos e posturas do atual prefeito.
Seja como for, aquelas pessoas de boa vontade que temiam uma disputa entre Edinho e Quaquá agora sabem que na verdade enfrentamos Edinho & Quaquá. Com tesouraria e tudo!
Da nossa parte, seguiremos travando o debate a que nos propusemos: o PT precisa mudar de rumo, o governo precisa mudar de rumo. E rápido!
(*) Valter Pomar é professor e membro do diretório nacional do PT