Por Valter Pomar (*)
As pesquisas apontam para uma vitória de Lula nas eleições de 2022.
Inclusive por isso, parcela dos que apoiaram Bolsonaro no segundo turno de 2018 está buscando construir uma alternativa não-bolsonarista para enfrentar Lula.
Por conta destes e de outros fatores, há quem diga que Bolsonaro estaria ficando “isolado”.
Mas não está derrotado, muito menos imóvel.
Para além de ações mais convencionais para reconquistar apoios e votos, Bolsonaro está apostando na mobilização do núcleo duro de sua base de apoio.
A data escolhida – o 7 de setembro – gerou a impressão de que se trataria de um confronto direto com a oposição de esquerda, a começar pelos organizadores do Grito dos Excluídos, este ano articulado com a campanha pelo Fora Bolsonaro.
Mas o alvo imediato do bolsonarismo são setores da própria elite, a começar por alguns ministros do Supremo Tribunal Federal.
A escalada contra o STF não é consensual nem mesmo entre os setores que hoje apoiam e integram o governo de Bolsonaro.
Mas o núcleo duro do governo está determinado a “esticar a corda”, talvez por saber mais do que nós sabemos acerca do risco que Bolsonaro e sua família correm de terminar – nas palavras do presidente – “morto ou preso”.
Ao final do dia 7 de setembro saberemos:
a/qual o número total de pessoas que o núcleo duro do bolsonarismo é capaz de mobilizar, em quantas cidades e com qual composição política e social;
b/qual a proporção entre retórica golpista e prática violenta, de que tipo e contra que alvos.
Igualmente ao final do dia 7 de setembro, saberemos:
c/qual a disposição real que a direita gourmet tem de enfrentar o golpismo bolsonarista, bem como o grau de comando que possui sobre as forças policiais;
d) qual a capacidade de convocatória da oposição de esquerda, nas piores condições possíveis (atos realizados em um feriado prolongado, sob ameaça combinada de pandemia e violência, com setores da própria oposição defendendo a desmobilização).
É provável que neste 7 de setembro de 2021 haja atos de violência – que podem ser maiores ou menores, planejados diretamente ou estimulados indiretamente, agressões reais ou atentados sob falsa bandeira.
É também provável que – ao menos em São Paulo e Brasília – as manifestações bolsonaristas sejam maiores do que as da oposição de esquerda.
Mas, aconteça o que acontecer, enganam-se os que acham que – se a esquerda não comparecesse – estaríamos evitando uma vitória do bolsonarismo ou neutralizando as ameaças golpistas.
Uma vitória por WO da direita contribuiria para um cenário pior e não para um cenário melhor do que o atual.
Ademais, a esquerda precisa se preparar para este “novo normal”: as eleições de 2022 não serão eleições: serão uma guerra.
E nesta guerra, a disputa pelas ruas em 2021 terá grande importância, política e simbólica.
Este é um dos vários motivos pelos quais é necessário ir às ruas neste dia 7 de setembro.
(*) Valter Pomar é professor e membro do Diretório Nacional do PT