Etapa Municipal 9º Congresso da AE – São José dos Campos/SP
22/02/2025 – APEOESP
1. Em 1979 foi registrada em ata a primeira reunião do Movimento Pró-PT em São José dos Campos. Em 10 de fevereiro de 1980 o Partido foi fundado nacionalmente e, nesta cidade, já em 1982, lançou candidatura a prefeito e elegeu seus dois primeiros vereadores.
2. Assim como em muitos lugares do Brasil, o PT nasceu em São José profundamente enraizado na classe trabalhadora, presente em diversos sindicatos e movimentos sociais e da igreja católica.
3. Com todas as contradições inevitáveis a um partido de massas, o PT se manteve atuante e presente na vida de grande parte do povo trabalhador joseense durante várias décadas.
4. Nestes 45 anos, nosso partido teve força e organização capazes de eleger a primeira e única prefeita mulher da cidade, Ângela Guadagnin, que foi também o primeiro mandato executivo fruto da luta e da mobilização da classe trabalhadora organizada.
5. E com a mesma força, nossa militância foi para as ruas defender aquele mandato, ameaçado de tomar um golpe da direita e da burguesia locais.
6. Entre 1980 e 2025, o PT, com o trabalho e a disposição de luta de sua base social conseguiu, ainda, mais uma vez, conquistar a prefeitura da cidade, com Carlinhos Almeida (2012), e elegeu vereadoras e vereadores em todas as eleições, chegando ao seu auge de representação parlamentar entre 2000 e 2004, quando contou com cinco vereadores.
7. O legado dos governos e da atuação parlamentar petista em São José está por toda a parte, e vai desde a regularização de bairros e construção de moradias populares, criação de hospitais, escolas e creches, valorização dos servidores municipais e do patrimônio público, políticas de cultura, esportes e lazer e políticas de transporte que ainda se refletem na vida e no dia a dia da população.
8. No Partido, temos até hoje o privilégio de conviver com grandes lideranças da classe trabalhadora brasileira, gente que organizou e lutou nas maiores e mais importantes greves do país. Gente que escreveu, com seu próprio suor, algumas das mais importantes páginas da história da classe trabalhadora organizada no Brasil.
9. Não restam dúvidas, portanto, de que São José é uma cidade muito melhor hoje do que seria se não tivessem existido o Partido dos Trabalhadores, sua militância e seus mandatos parlamentares e executivos.
10. Mas o que também aconteceu com o PT neste período foi que cultivamos a grande ilusão de achar que, ao ocupar espaços na institucionalidade burguesa, seríamos tratados com a mesma distinção que os representantes da burguesia.
11. Também passamos a acreditar que bastaria ocupar estes tais espaços para que implementássemos as políticas públicas fruto da luta histórica da classe trabalhadora, e que a burguesia entranhada no poder admitiria isso sem maior resistência, passando a nos “aceitar” uma vez mostrássemos a nossa capacidade de trabalho na máquina do Estado.
12. O objetivo central da nossa luta deixou de ser, afinal, a superação do capitalismo e a construção de uma sociedade socialista, e passou a ser a ocupação de espaços institucionais, sem talvez tomarmos na devida medida, o que essa mudança poderia representar para o PT.
13. Mas, em termos práticos, esse encurtamento do nosso horizonte estratégico tornou o nosso partido cada vez mais burocratizado e focado na luta institucional, em detrimento da luta social e da participação ativa e cotidiana na vida do povo.
14. Nossa democracia interna ficou cada vez mais comprometida e seguir o estatuto do Partido passou a ser uma tarefa cada vez mais difícil e, talvez por isso mesmo, cada vez mais despriorizada.
15. Deixamos de ter uma sede própria e, portanto, um local que servisse de referência para que a população pudesse nos encontrar na cidade.
16. Nos distanciamos enormemente dos sindicatos e dos movimentos populares e passamos a ser vistos como “estranhos” por muita gente que algum dia depositou em nós o seu voto de confiança.
17. A juventude já não vê em nosso partido uma alternativa para se organizar e dar continuidade às lutas das gerações que a antecederam.
18. E mesmo quando se aproximam de nós, nosso modus operandi, ao contrário de agregar, acaba contribuindo para afastar os mais jovens, que não encontram razões para permanecer e lutarem conosco.
19. Os nossos mandatos parlamentares passaram a ter uma atuação cada vez mais autônoma, desconectada do nosso partido e, muitas vezes, acima dele.
20. Acumulamos enormes dívidas e deixamos de acreditar que a melhor forma para que um partido de trabalhadores se mantenha capaz de ter independência financeira e política é através da boa e velha contribuição militante.
21. Internamente, passamos muitas vezes a nos enxergar como inimigos, deixando de lado as relações de companheirismo e amizade em favor de relações hostis e desconfiadas.
22. Abrimos espaço para que se naturalizasse toda sorte de oportunismos, carreirismos e objetivos pessoais acima da construção coletiva, condutas que nada tem a ver com os propósitos que levaram o PT a se constituir como partido.
23. Nosso perfil de oposição às direitas na cidade se tornou bastante aquém do necessário para mostrar ao povo quem realmente está ao seu lado.
24. Chegamos a um tal ponto de desmobilização e desarticulação de nossa militância que fomos incapazes até mesmo de nos organizar e nos manter suficientemente ativos para lutar, nas ruas, contra o golpe na presidenta Dilma, contra a prisão de Lula e também por sua libertação.
25. E seguimos, em 2025, incapazes de nos mobilizar, seja em defesa do governo do nosso presidente Lula, seja pela prisão de Bolsonaro e todos os golpistas.
26. Hoje somos em São José dos Campos um partido que tem um grande passado, mas que se encontra um tanto quanto inseguro acerca de seu futuro.
27. As direitas e a burguesia não descansarão enquanto não nos destruírem e/ou nos cooptarem no sentido de nos tornarmos tão somente uma legenda eleitoral.
28. E estamos certos de que, caso isso ocorra, as consequências serão imensuráveis não apenas para o futuro da classe trabalhadora, como também para o seu passado e para a preservação de sua memória e de sua história.
29. Afinal, somente com o nosso partido vivo, atuante e organizado é que poderemos seguir contando a nossa história e a história dos nossos companheiros e companheiras que deram a vida na luta para que chegássemos até aqui.
30. E é também somente com esse mesmo partido vivo, atuante e organizado que poderemos voltar a sonhar com transformações radicais aqui e agora, rumo a um Brasil socialista, onde a classe trabalhadora possa viver com dignidade, com liberdade e plena de direitos, sendo o principal deles, o direito de ter a certeza de que o futuro nos reserva uma vida muito melhor.
31. Estamos vivendo um momento decisivo na história do Partido dos Trabalhadores, em que se apresenta, imperiosa, a necessidade de voltarmos a ter direções comprometidas com a luta pelo Socialismo.
32. Por essa razão estamos decididos a lançar uma chapa para o Diretório Municipal e uma candidatura para a presidência do PT de São José.
33. Para tanto, buscaremos dialogar junto às demais forças organizadas, agrupamentos e militantes que, como nós, estejam descontentes e críticos em relação aos rumos tomados por nosso Partido na cidade nos últimos anos, com vistas à construção coletiva desta chapa e candidatura a presidente.
34. Para iniciar essas conversações, apresentamos esta tese, contendo análises e propostas para o Partido, um conjunto de nomes para compor a chapa para o Diretório Municipal, bem como o nome da companheira Thaís para a presidência do PT na cidade.
35. É fundamental e urgente que as instâncias de direção e o/a futuro/a presidente do partido em São José estejam integral e profundamente comprometidos com um PT para:
a. Voltar a ser um partido anticapitalista, socialista, anti-imperialista, defensor da mais profunda democracia e disposto a enfrentar e derrotar a classe dominante;
b. Voltar a ser um partido que faz política o tempo todo, não apenas em anos pares, não apenas em épocas eleitorais, não apenas pelos meios institucionais;
c. Se reorganizar e se redemocratizar, de modo que as divergências políticas sejam tratadas e resolvidas politicamente, criando e fortalecendo os espaços de debate em seu interior;
d. Voltar a ter direção coletiva, com todas as decisões sendo tomadas democraticamente pelas instâncias partidárias;
e. Voltar a pensar no longo prazo, de modo que tudo o que façamos, cada tarefa específica, tenha em perspectiva os objetivos de longo prazo;
f. Ter a disposição de dirigir os governos e mandatos parlamentares que conquistamos: o Partido precisa estar acima dos mandatos, e não o contrário!
g. Formar politicamente a militância para a luta anticapitalista e pela construção de uma sociedade socialista, tornando-a apta a fazer a disputa ideológica junto à nossa base social;
h. Reforçar a mobilização internacionalista: contra o genocídio do povo Palestino! Toda solidariedade a Cuba e a Venezuela!
i. Reforçar e organizar a mobilização contra as terceirizações e privatizações dos serviços e espaços públicos em São José e contra as privatizações das empresas públicas de setores estratégicos, como a Petrobras e a Sabesp;
j. Lutar e mobilizar contra a especulação imobiliária que inviabiliza a moradia e a vida digna da maioria das pessoas;
k. Combater o modelo neoliberal de educação, baseado na obtenção de resultados e propor uma educação libertadora, antifascista e antirracista;
l. Lutar pelo fim das terceirizações e dos contratos da Prefeitura com empresas, entidades e fundações privadas na educação, bem como pela abertura de concursos públicos para contratação de profissionais de educação e por sua valorização;
m. Lutar e mobilizar pela Tarifa Zero Já! no transporte público municipal;
n. Somar-se a todas as lutas que tenham por objetivo melhorar as condições de trabalho, reverter a precarização e reduzir a jornada: Pelo fim da Escala 6 x 1 Já!
o. Lutar pela reindustrialização do Vale do Paraíba e pelo desenvolvimento de uma indústria nacional de ponta, que garanta empregos de altíssima qualidade e que contribua com o desenvolvimento e com a soberania do país;
p. Reconectar-se aos movimentos sociais e aos sindicatos, restabelecendo o permanente diálogo e participação em suas lutas;
q. Dedicar esforços para conectar-se com os setores da classe trabalhadora com os quais ainda não fomos capazes de dialogar;
r. Capilarizar-se de forma organizada nos bairros de todas as regiões da cidade e, assim, retomar a forma mais eficiente de comunicação que um partido de massas pode ter: a presença cotidiana e o diálogo permanente com a classe trabalhadora;
s. Debater e aprofundar sobre as soluções para a crise climática, bem como mobilizar para combater as políticas de cortes de árvores e conversão dos parques públicos em shoppings a céu aberto;
t. Unir-se às lutas do PT nos municípios vizinhos e manter permanente diálogo com a militância a nível regional, de modo a construirmos juntos e fortalecermos mutuamente as nossas lutas;
u. Estabelecer uma contundente e radical oposição às direitas neoliberal e fascista na cidade e a tudo o que elas representam em termos de retrocessos para a classe trabalhadora.
v. Defender o governo Lula da ofensiva da extrema-direita e contra a tentativa de paralisação do governo que vem sendo operada no Congresso Nacional;
w. Enfrentar com altivez as batalhas de 2026, sendo a principal delas a reeleição do presidente Lula.
36. Tudo isso será necessário e fundamental para que o PT municipal esteja à altura dos desafios históricos da classe trabalhadora brasileira e conectado com as lutas a nível estadual e nacional, de modo que possamos dar a nossa contribuição para a construção de um país socialista, o que, em 2025, se apresenta, mais um vez, e de forma definitiva, como a única saída possível para o povo trabalhador de São José e do Brasil.
Viva a luta da classe trabalhadora! Viva o Partido dos Trabalhadores!