
A direção nacional da AE, reunida no dia 15 de dezembro de 2025, aprova a seguinte resolução:
1.As manifestações realizadas em dezenas de cidades brasileiras, contra as deliberações recentes do Congresso nacional e contra a anistia-disfarçada-em-dosimetria, confirmam que existe disposição, no povo brasileiro, de ir às ruas para derrotar tanto a direita tradicional quanto a extrema-direita.
2.Essa disposição de luta é essencial, afinal a aprovação da “dosimetria” (com o aval de setores do Supremo “e com tudo”, num clássico exemplo do pacto das elites), a tentativa de proteger três parlamentares criminosos (Carla Zambelli, Alexandre Ramagem e Eduardo Bolsonaro), a violência praticada por Hugo Motta contra Glauber Braga e as liberdades democráticas, a sabotagem de Alcolumbre contra o indicado por Lula ao STF, as recentes decisões de mérito do Congresso nacional contra vetos do Presidente da República, essas e outras ações demonstram que está em curso uma operação que visa construir uma “frente ampla da direita” contra a reeleição de Lula em 2026.
3.A frente ampla da direita é a expressão da opinião da classe dominante – especialmente o capital financeiro, o agronegócio e o setor minerador – e do imperialismo acerca do governo Lula. Apesar de todas as concessões feitas por nosso governo, os capitalistas não estão satisfeitos e querem ter um governo neoliberal. Por isso estimulam as direitas a se unificar, assim como estimulam os setores da direita que supostamente faziam ou fazem parte da chamada “base”, a votar contra e a romper com o governo. Nas derrotas que o governo sofre no Congresso nacional, parte importante dos votos vem de partidos da “base”.
4.Essa “frente ampla da direita” tem como um de seus desafios o de levar a disputa eleitoral para o segundo turno. Nesse sentido, a direita pode escolher (como fez no Chile) lançar no primeiro turno várias candidaturas, deixando sua unificação para o segundo turno. Algumas das mais recentes movimentações do presidente Trump devem ser compreendidas nessa chave: retirar obstáculos para a criação desta frente ampla de direita, envolvendo inclusive ministros do Supremo Tribunal Federal que estiveram na linha de frente do combate ao bolsonarismo.
5.O governo Trump, ao divulgar oficialmente sua versão atualizada da Doutrina Monroe (“a América para os estadunidenses”), não deixa qualquer margem para dúvida: os EUA vão interferir nas eleições de 2026 no Brasil. Sem o Brasil, os EUA não terão controle da América Latina. Para atingir este objetivo, eles vão fazer uso de todos os meios, a começar pela operação das Big Techs, passando pela agressão militar contra a Venezuela, cerco contra Cuba, terminando com chantagens e operações de todo tipo. O governo e as esquerdas precisam construir imediatamente mecanismos de proteção e instituições alternativas. As eleições na Bolívia, na Argentina, em Honduras e no Chile demonstram o imenso risco que estamos correndo, se não agirmos com absoluta velocidade.
6.As derrotas sofridas pelos progressistas e pela esquerda tem múltiplas causas, que devem ser analisadas detidamente. No caso do Chile, onde acaba de ser eleito um presidente que defende a ditadura Pinochet e que tem orgulho de seu passado nazista, a derrota da esquerda e dos progressistas têm, entre suas múltiplas causas, a política adotada pelo governo Boric, que não correspondeu às generosas aspirações do “Estalido Social” que iniciou em outubro de 2019, nem as honrosas tradições do governo de Salvador Allende.
7.A atual direção do PT foi eleita sinalizando para o centro, mas a aliança do centro com a direita está empurrando o PT para a esquerda. Setores da atual direção já se deram conta disto, outros ainda não, o que provoca movimentos e declarações erráticas. Alguns que ontem falavam de “ampliar a frente ampla”, estão sendo obrigados a construir frentes de esquerda e candidaturas do PT. Mas há também quem não apenas resista mas, inclusive, siga nos empurrando em direção ao precipício político e moral: é o caso do atual prefeito de Maricá e vice-presidente nacional do PT, que precisa ser submetido à comissão de ética, afastado da direção nacional e expulso do Partido. Os acontecimentos do recente Congresso nacional da Juventude do PT, em que duas alas da “Construindo um Novo Brasil” se enfrentaram usando palavras de ordem impublicáveis e com ameaças de uso de força física, revelam que ou damos um freio de arrumação ou seguiremos andando na beira do precipício.
8.Conclamamos o conjunto da militância a realizar, em cada cidade, em cada local de moradia e de trabalho, em cada espaço de cultura e lazer, atividades para marcar a derrota da Intentona Golpista de 8 de janeiro de 2023. A manter acesa a mobilização pelo fim da escala 6×1, pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário, para que os ricos paguem impostos. E a iniciar já a pré-campanha de reeleição do presidente Lula, bem como de nossas candidaturas majoritárias e proporcionais em 2026. A eleição de 2026 já começou e não será uma campanha, será uma guerra. Que venceremos, se tivermos política certa e disposição de combate.
9.Desejamos ao povo brasileiro, à toda a classe trabalhadora, à militância da esquerda, à Nação Petista e aos camaradas de nossa tendência, que aproveitem ao máximo o período de festas para descansar e se divertir. E lembrem de homenagear a resistência do povo palestino contra o sionismo e contra o imperialismo. Em tempos de guerra, os brindes também são armas do povo!
Brasília, 15 de dezembro de 2025
A direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda
