Está disponível o jornal Página 13 de janeiro-fevereiro, de número 274. A edição pode ser descarregada aqui .Abaixo, segue o editorial na íntegra.
BOA LEITURA!
Editorial
Debates e combates em 2025
Muita gente está preocupada, com razão, com o que vai acontecer em 2026. Entretanto, muito mais preocupados devemos estar com o que vai acontecer em 2025.
Para começo de conversa, será um ano marcado pela ofensiva dos Estados Unidos, agora sob administração Trump. Embora o inimigo principal dos EUA seja a China, a primeira vítima será a América Latina e Caribenha, sejam os migrantes que moram nos EUA, sejam os países e governos da região.
A eleição de Trump serviu de estímulo para a extrema-direita em outras regiões do mundo, em particular na Europa, mas também na América Central e do Sul. O apoio que Elon Musk dá ao partido neonazista alemão é um dos exemplos de que existe e está em plena operação uma internacional fascista.
A extrema-direita brasileira tem a expectativa de fazer, no Brasil, o mesmo que Trump nos EUA: apesar do golpismo, apesar dos crimes, voltar ao governo. Para isso, terão que enfrentar vários obstáculos. Um deles é o processo judicial. Outro é a esquerda.
Se houver justiça, serão condenados e presos o cavernícola, sua família, seus cúmplices no empresariado, nas Forças Armadas e nos meios de comunicação. Mas a justiça depende de muitas variáveis, entre as quais a correlação de forças. Por isso, a esquerda deve pressionar o tempo todo para que não haja anistia para os golpistas!
Mas só isso não basta. As bandeiras democráticas – como é o caso da condenação dos golpistas – só ganharão o apoio da maioria do povo se forem acompanhadas de ações concretas de melhoria da vida, da organização e da conscientização da maioria do povo.
Os números frios indicam que, em vários aspectos, a vida do povo está melhorando. Por exemplo, na geração de empregos e na massa salarial. Mas isso, por si só, não está sendo suficiente. Grande parte do povo segue sob hegemonia da direita tradicional e da extrema-direita. Além disso, embora a vida do povo tenha melhorado, a economia do país segue dominada pelo capital financeiro, pelo agronegócio, pelas mineradoras, pelos grandes capitalistas. Por conta disso, a vida melhora muito devagar, nossos inimigos sabotam o tempo todo (como se vê nos juros e na inflação) e, mais importante, não muda o lugar do Brasil no mundo: continuamos sendo uma subpotência primário-exportadora.
Só haverá um futuro melhor para nosso povo se o Brasil voltar a ser uma potência industrial. Mas apenas a industrialização não basta: é preciso que ela seja acompanhada da elevação do bem-estar social do povo, da ampliação das liberdades democráticas, de políticas de desenvolvimento amigas do meio ambiente, do fortalecimento de nossa soberania nacional e da integração regional.
Nada disso é compatível com políticas monetária e fiscal obcecadas pelo ajuste. Por isso, em 2025, precisamos travar uma batalha similar a que travamos contra a política pró-capital financeiro de Palocci e Meirelles em 2005. Aquela política quase levou os tucanos de volta ao governo. Hoje, a política de Haddad e Galípolo ajudam a oposição promovida pelas duas direitas, a tradicional e a extrema.
Mas não basta mudar a política econômica. É preciso mudar a estratégia política como um todo. A estratégia atual deposita todas as suas fichas na disputa eleitoral e institucional. Devemos continuar disputando eleições e exercendo mandatos. Mas só isso não basta. Só venceremos se travarmos muita luta político-ideológica, se tivermos muita organização e mobilização social, se reconstruirmos uma esquerda e um partido militantes. Sem isso, não haverá como alterar a correlação de forças favorável às direitas no Congresso Nacional e em outras instituições.
Estes são alguns dos desafios que precisamos superar no ano de 2025 se quisermos vencer não apenas em 2026, mas, também, depois; se quisermos vencer não apenas as eleições, mas, também, nas demais batalhas da luta de classes.
Estas são algumas das pautas que precisamos debater no processo de eleição das direções partidárias. Em resumo, reconstruir o PT enquanto partido militante capaz de organizar a classe trabalhadora para a luta por nossos objetivos imediatos e históricos, a começar pelas reformas estruturais e o socialismo.
Os editores