Por Ana Lídia*
No final de 2017, buscando realizar escolhas mais democráticas sobre as chapas majoritárias ao estado de São Paulo, Juliana Cardoso, a única vereadora do PT na capital paulista, foi procurada para disputar uma das vagas ao Senado.
O problema é que a candidatura da Juliana iria contra os planos do grupo atualmente majoritário na direção do partido, que já havia definido que as candidaturas ao Senado seriam do ex-senador Eduardo Suplicy, a contragosto do campo majoritário, e de Jilmar Tatto.
Neste sentido, Juliana Cardoso correria por fora. No entanto, a partir da compreensão das lutas que a companheira trava enquanto militante e vereadora, compreendendo o seu compromisso com as lutas feministas e sua capilaridade junto aos movimentos sociais, setores do PT e de vários movimentos sociais, sobretudo feministas, entenderam que não seria possível abrir mão do seu perfil e de sua militância para compor a chapa ao Senado ao lado de Eduardo Suplicy.
Mas, para que consigamos inscrever Juliana ao Senado, é preciso antes de tudo superar uma das batalhas internas dentro do PT.
A decisão das vagas ao Senado será feita simultaneamente a escolha do candidato a governador, isto é, no Encontro com os mesmos delegados eleitos no último PED!
Também será preciso que as três candidaturas (Juliana, Suplicy e Jilmar Tatto), para inscreverem suas candidaturas, recolham 10% de adesão de filiadas e filiados do PT, percentual relativo ao número total de votantes no PED de 2017, isto é, pouco mais de 5 mil assinaturas.
O problema deste formato de escolha é que não permite uma ampla participação da militância na escolha de suas candidaturas, da tática e do programa.
As tendências Articulação de Esquerda (AE), Democracia Socialista (DS), Militância Socialista (MS) e os mandatos de João Paulo Rillo e Carlos Neder foram contra este formato, que viola regra explícita do estatuto partidário, que exige eleição de novas e novos delegadas/os. Fizemos recurso desta decisão à Executiva Nacional, que até o momento não se pronunciou, remetendo a questão para uma Câmara de Recursos, instância não adequada para julgar questão de tamanha importância.
Até então, o debate ao Senado estava apartado de qualquer debate dos processos eleitorais. O que se tinha era a manifestação de militantes da base partidária pela candidatura da Juliana e do Suplicy como ficou registrado em um grande ato no final do ano passado.
Além disso, não há clareza sobre o formato do encontro, nem sobre como serão as votações. As vagas ao Senado ainda estão em aberto, pois existe a real possibilidade de que o PT faça alianças com partidos que poderiam vir a ocupar a segunda vaga ao senado.
Da nossa parte, defendemos que se houver a aliança, que ela seja nos moldes propostos na resolução do 6º Congresso do PT, isto é, com os partidos que compõem o campo democrático e popular. Caso contrário, nossa tática para a disputa do Senado tem que ser reconhecer a Juliana Cardoso como nossa candidata a senadora!
No Senado Federal, hoje, das 81 vagas, apenas dez são ocupadas por mulheres. Esses dados reafirmam o caráter machista e patriarcal da política brasileira, que exclui as verdadeiras maiorias sociais, a saber: trabalhadoras e trabalhadores, a população negra e as mulheres.
Reflexo disso são as leis e políticas que atendem apenas aos interesses de uma maioria na institucionalidade, mas que representa uma minoria no país: homens brancos, empresários e representantes do grande capital. Haja vista a PEC 181 que criminaliza o aborto em todas as ocasiões, as reformas da previdência e do ensino médio etc.
Cada vez mais precisamos de mulheres que tenham de fato o compromisso com as mulheres trabalhadoras e com a pauta feminista! Isso porque não podemos considerar que todas as dez senadoras atuam em defesa dos direitos da classe trabalhadora e da pauta feminista, por serem mulheres. Isso porque elas atendem primeiro os compromissos com sua classe, que precede o compromisso com as mulheres.
Juliana Cardoso já demonstrou com quem tem compromisso. A defesa de uma mulher feminista no Senado é, sobretudo, a defesa de todas as mulheres trabalhadoras e com todas as suas demandas colocadas no centro da agenda política.
A chapa majoritária (governo e Senado) proposta pelo grupo atualmente majoritário na direção do Partido não atende às demandas e as lutas das mulheres. São as mulheres um dos setores mais atingidos pelos retrocessos do governo golpista de Michel Temer.
paridade é uma conquista histórica das mulheres do PT e do partido como um todo. Quando conquistamos que homens e mulheres internamente no partido deveriam ocupar a mesma quantidade de vagas, estávamos sendo coerentes com nossa história partidária e com o compromisso com os diversos setores da sociedade que criaram o PT.
Neste sentido, é preciso ir para além da paridade nas esferas partidárias e para além dos 30% de representação feminina nas chapas eleitorais. É preciso colocar a pauta das mulheres como prioritária, junto com o conjunto dos direitos de todo o povo brasileiro.
No atual momento que vivemos no país, não é possível abrir mão da candidatura de uma mulher no Senado. Entendemos que 2018 será um ano de lutas fundamentais e que a defesa de Lula é o ponto de partida para colocar o país no rumo da soberania nacional, da democracia e da igualdade social.
Os governos Lula e Dilma fizeram muito pelas mulheres do país, e é possível fazer ainda mais, desde que consigamos garantir a real representatividade das mulheres trabalhadoras. Juliana Cardoso cumpriria esse papel com o enfrentamento necessário ao golpismo e a defesa intransigente aos interesses do povo brasileiro.
* Ana Lídia é professora e militante do PT
Fonte: Página 13, n. 182, mar. 2018
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