Por Fausto Antonio (*)
Epigrafia das visibilidades geográficas
Moçambique, oficialmente designado como República de Moçambique, é um país localizado no sudeste do Continente Africano, banhado pelo Oceano Índico a leste e que faz fronteira com a Tanzânia ao norte; Malawi e Zâmbia a noroeste; Zimbábwè a oeste e Suazilândia e África do Sul a sudoeste, a Capital do País é Maputo, a Língua oficial portuguesa e o país tem a extensão territorial de aproximadamente 801.590 mil quilômetros quadrados, apresentando, na densidade populacional, cerca de 31.071.755 Habitantes, distribuídos em 11 Províncias e 154 Distritos.
Quadro direto e sem retoques
No dia 09 de outubro de 2024, em Moçambique, foram realizadas as eleições presidenciais, legislativas e provinciais. Na disputa da presidência, a Frelimo, que ocupa o governo há 40 anos, garantiu a vitória de Daniel Chapo e teve vitória também no legislativo e no plano provincial.
A oposição não conseguiu unidade para enfrentar a Frelimo. Remano e Podemos não marcharam unificados; como resultado Venâncio Mondlane, vinculado ao PODEMOS, disputou sem a Remano, a despeito do apoio de dissidentes deste partido. Em ação solo, Venâncio conquistou aproximadamente 30% dos votos para a disputa presidencial. Os debates em torno das disputas , nos processos pré e pós pleito eleitoral, colocaram no foco o governo dirigido pela Frelimo e vários questionamentos a respeito do resultado eleitoral e as consequentes acusações de fraude. Além da pauta alusiva às fraudes e à corrupção, há a precária situação social do país, que deve, sem rodeios, ser creditada ao governo atual , à Frelimo e aos mecanismos de dominação, opressão e poder mobilizados pelo imperialismo no país, no sudoeste e no sul da África.
Quadro sinuoso
Nas ruas de Moçambique atua, em atos cimentados pelas péssimas condições sociais existentes e persistentes no país, uma massa inorgânica. Reside aí a aposta de golpistas internos e externos. A aposta de Venâncio Mondlane, espécie de Juan Guaidó de Moçambique, é forçar a continuidade dos atos para , quem sabe, receber apoio direto e intervencionista da OTAM, além dos grupos de mercenários , ONGS ,Igrejas e mídias atlanticistas. Está no horizonte, no plano interno, uma desenhada intenção de jogar na divisão das forças armadas. Ele terá sucesso? A história dirá, no entanto. a crescente onda de protestos contra as eleições gerais é, a rigor, a canalização da profunda insatisfação popular, que tem no seu núcleo a pobreza e as péssimas condições sociais, que são facilmente percebidas pela crescente violência estrutural, violência também difusa, desemprego, baixos salários, precarização da educação, saúde, transporte, moradia e de ausência de política para o controle dos recursos minerais e energéticos para assegurar a soberania nacional e o consequente uso para a elevação das condições de vida dos trabalhadores (as) , das camadas populares e dos grupos sociais historicamente destituídos dos bens materiais e imateriais básicos.
Quem concorre, no universo das eleições burguesas, é o caso em pauta de Venâncio Mondlane, não deve apresentar os resultados e muito menos anunciar a vitória antes do pleito. O roteiro, alicerçado na vitória prévia e nas denúncias de fraudes prenunciadas, não é uma novidade nos países controlados e principalmente golpeados pela OTAN. A disputa e o interesse pelo processo eleitoral de Moçambique têm relação com os recursos e/ou riquezas que estão no subsolo do país e com a posição geoestratégica relativa às novas rotas da seda, BRICS e países do cone sudeste e sul do continente africano. Considerando a tese exposta acima como verdadeira, é pedagógico afirmar que existem grupos mercenários atuando em Moçambique e a serviço, no primeiro momento, da instabilidade governamental.
No segundo momento, a instabilidade tem por objetivo central assegurar a rapinagem dos recursos, especialmente do gás. Sendo assim, o objetivo é permitir, com a instabilidade interna, a dominação externa e o controle dos recursos energéticos, minerais e geoestrategicos. O gás, notadamente, faz parte da produção de instabilidade, que foi prenunciada pelo candidato, que se autoproclamou vitorioso antes, durante e após o pleito, à revelia do resultado dado pelas pesquisas e pelas urnas. O resultado previamente catalogado pela tarja da verdade absoluta, numa lógica implantada numa franja de eleitores(as) moçambicanos, foi anunciado antes dos votos. O método considera a insatisfação popular, mas é sustentado midiaticamente por ONGs, plataformas capitalistas informacionais, ações coordenadas por grupos e/ou quadros mercenários orientados por agências atlanticistas instaladas no chão do país.
O caso dos assassinatos e as leituras ingênuas
Líderes e presidentes africanos, a lista é robusta, foram e são , desde sempre, assassinados por agências da parelha OTAN /EUA e, nos PALOPS, pelo condomínio luso -yanque. As mortes de lideranças políticas no contexto atual, salvo ingenuidades imperdoáveis, devem ser entendidas e, sobretudo, creditadas às intervenções feitas por mercenários atlanticistas. A História deve ser convocada para a leitura e principalmente para o entendimento do papel do Guaidó Moçambicano e das agêmcias coordenadas, no território moçambicano, pela OTAN.
A natureza do golpismo em Moçambique
Outro dado que facilta a construção de instabilidade e convulsão, infelizmente inorgânica, são as péssimas condições de vida da população moçambicana. O descontentamento está sendo canalizado para alimentar apenas o projeto de ingerência externa, capitaneada para assegurar , na categoria de golpe de Estado, a vitória de Venâncio Mondlane, que representa os interesses da instabilidade e repete o excript da OTAN, conforme processo, entre outros, vivenciado na América do Sul pela Venezuela.
A relação com BRICS, via extração controle social de recursos minerais e energéticos deve ser repassada para o projeto nacional e acompanhada por investimentos na industrialização, trabalho, salário, saúde, educação, moradia e transporte e soberania nacional.
O pensamento único é uma marca do estágio do mundo capitalista imposto pelo imperialismo e sionismo. No meio informacional, espaço controlado pelas plataformas capitalistas a serviço do imperialismo -sionismo, entram, circulam e voltam , de modo totalitário, as mensagens fechadas a favor de golpes, sanções, bloqueios, genocídios e guerras em profusão e sem fim arquitetadas, sem exceção, pelo império Ocidental.
Graças ao pensamento único, fossilizado pelo totalitarismo informacional e midiático, recebemos notícias de Moçambique descoladas do entendimento histórico e dos interesses efetivos dos trabalhadores e do campo popular do país. Sobram, nas plataformas capitalistas, o registro das propostas golpistas e mensagens e mensagens do Juan Guaidó de Moçambique, Venâncio Mondlane, pastor da Igreja Ministério de Divina Esperança,que é quadro do imperialismo. Na Venezuela, América do Sul, assistimos ao filme , não faz muito tempo, de tentativa de golpe à soberania popular. A OTAN/EUA não altera o script; há mudança apenas de fantoche, de país e de continente. O agente, a rigor capitão da manutenção dos privilégios atlanticistas, como bolsonarista confesso e agente do neoliberalismo totalitário, recebe apoio da direita e da extrema direita internacional, que são contrários, conforme alinhamento com o imperialismo e sionismo, à soberania nacional e ao advento de políticas de cooperação e desenvolvimento, livres de sanções e bloqueios ingerências, postuladas pelos países que compõem o BRICS ampliado. Quem aposta na instabilidade do país, sem um projeto contrário à burguesia interna e ao imperialismo, é um embuste e agente, coluna, dos históricos privilégios desfrutados pelo condomínio e/ou parelha OTAN/EUA, que se historiciza, nos PALOPs, pelo perverso condomínio luso-yanque.
O pastor prenunciou fraude no processo eleitoral de 2024; agora do exterior, num país indeterminado e/ou escondido, anuncia o golpe convocando, de modo covarde e a distância, parte da população para o ato, que tem como centro, o questionamento do resultado eleitoral.
O golpe híbrido e/ou a tentativa de golpe de Estado, em desenvolvimento em Moçambique, tem componentes comuns e a assinatura do imperialismo na sua concepção, execução e finalidade de captura, rapinagem e total controle dos recursos minerais, energéticos e geoestratégicos do país. Venâncio Mondlane, espécie de Guaidó Moçambicano, é o ícone dessa política de desestabilização nacional. O objetivo é empurrar o país para o caos e, ao mesmo tempo e com saques e agentes mercenários infiltrados, fragilizar o governo e promover uma convulsão social que possibilite o golpe de Estado e/ou a total desorganização social e de todas as instâncias de governo, do Estado e fundamentalmente da soberania popular.
Recomendo a leitura dos textos seguintes para complementar o esboço de análise feito no artigo “ Venâncio Mondlane, Juan Guaidó de Moçambique”
https://pagina13.org.br › a-licao-do-niger
Dia da África e das independências: comemorar o quê?
https://pagina13.org.br › dia-da-africa-e-das-independe…
(*) Fausto Antonio é escritor, poeta, dramaturgo e professor da Unilab- BA
Uma resposta
Obrigado por esse importantíssimo artigo, sobre os esforços do imperialismo, para desestabilizar o quadro de poder da FRELIMO, e emplacar um golpe de Estado.
Penso, também, que é importante analisar detidamente, as razões da miséria social, que se alonga e aprofunda, sob o poder da FRELIMO, há mais de 4 décadas.