13 pontos para fazer o balanço das eleições de 2020

Por Valter Pomar (*)

1/Houve um crescimento da abstenção, dos votos brancos e dos votos nulos. Em que medida isso se deve a pandemia, em que medida se deve a razões políticas, qual o impacto que isto tem sobre a votação da esquerda e o que pode ser feito para reverter a situação, para impedir que se instale entre nós o voto facultativo na prática?

2/Como os votos válidos se distribuíram pelos diferentes campos políticos e pelos diferentes partidos? E qual a composição social, étnica, de gênero, geracional, regional e como se distribuí pelo tamanho de cidade, da votação de cada campo político e de cada partido?

3/Levando em consideração as diferenças entre eleições municipais e eleições gerais, em que medida os resultados eleitorais estimulam ou dificultam alianças políticas entre os diferentes partidos, tendo em vista as futuras eleições presidenciais?

4/Qual o impacto das eleições, sobre a disputa entre os diferentes setores da direita? Especificamente, como avaliar o desempenho eleitoral do bolsonarismo e o desempenho eleitoral da direita tradicional?

5/Como avaliar o desempenho da esquerda em geral, em particular o desempenho do PT, do PSOL e do PCdoB? No caso do PSOL e do PCdoB, o que este resultado projeta, quando levamos em conta a chamada cláusula de barreira?

6/Como avaliar o desempenho dos governadores de esquerda e que tipo de impacto isto pode ter na sucessão, em 2022?

7/Como avaliar as relações entre PT, PSB e PDT, tendo em vista o ocorrido nas eleições de Recife e de Fortaleza, bem como as declarações anteriores e posteriores de Ciro Gomes, de Carlos Siqueira e da família Campos?

8/Como avaliar o fato de que, no primeiro turno de 2020, quase dois terços (63,7%) dos candidatos prefeitos à reeleição foram reeleitos, quando em 2016, somente 40% obtiveram êxito na reeleição, sendo que o percentual de reeleição se manteve acima de 60% em todas as eleições municipais desde 2000? Por quais motivos diminuiu o número absoluto de prefeituras petistas, embora tenha aumentado a presença de prefeitos em médias e grandes cidades, assim como crescido um pouco o número de habitantes governados pelo PT?

9/Levando em conta que as eleições de 2020 foram as primeiras sem coligações proporcionais, como avaliar o desempenho dos partidos, especificamente do PT, nesse quesito? Por quais motivos o PT reduziu o número absoluto de vereadores, ao mesmo tempo que aumentou o número de vereadores em médias e grandes cidades?

10/Levando em conta que em 2020 houve, pela primeira fez, fundo público para eleições municipais, como avaliar o seu impacto em geral e no PT em particular? Que conclusões tirar do fato de que mais da metade dos vereadores eleitos das cidades com mais de 200 mil habitantes foi financiada também por doações de empresários, especialmente do setor imobiliário e do comércio varejista?

11/Como avaliar e como enfrentar o antipetismo (e outras expressões do discurso da extrema direita, como o discurso moralista anticorrupção, de ódio, de crítica dos costumes e dos valores, de preconceitos contra pobres, trabalhadores, LGBTQI, negros, mulheres, assim como o fundamentalismo religioso) como arma ideológica, política e eleitoral, especialmente na reta final, para mobilizar o “exército de reserva eleitoral” das candidaturas conservadoras? E como avaliar o emprego desta arma, mediada pelas chamadas fake news, inclusive por partidos e candidaturas que fazem parte do arco de alianças do PT?

12/Em muitas cidades foram eleitas candidaturas de jovens, mulheres, negras e LGBTQI, assim como candidaturas indígenas. Como estas candidaturas se distribuem pelos diferentes partidos, em que proporção estão nos partidos de esquerda, em que medida isto foi produto de uma política organizada e em que medida isto foi na contramão de interesses já estabelecidos?

13/Que decorrências podemos extrair, dos resultados da eleição municipal, no que diz respeito a estratégia geral da esquerda, em particular na polêmica sobre a frente ampla e frente de esquerda? E que decorrências podemos extrair, no que diz respeito a nossas formas de organização de atuação, a nossa formulação programática e ao nosso discurso, a nossas políticas de comunicação, especialmente com a juventude e com os setores populares, bem como sobre nossa política, alianças e candidatura na próxima eleição presidencial?

(*) Valter Pomar é professor e membro do Diretório Nacional do PT


(**) Textos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da tendência Articulação de Esquerda ou do Página 13.

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