Por Jandyra Uehara*
Chicago, EUA, 9 de outubro de 1886: é lida a sentença contra lideranças sindicais que organizaram a greve iniciada no dia 1º de maio daquele ano em defesa da redução da jornada de trabalho para oito horas semanais. Alguns foram condenados à morte por enforcamento, outros à prisão perpétua ou por um período de 15 anos. No julgamento, ocorrido em 21 de junho, o juiz Joseph Gary havia dito: “Que sejam enforcados. São homens demais desenvolvidos, demais inteligentes, demais perigosos para os nossos privilégios”.
Após a leitura da sentença, um dos condenados à morte, August Spies, em sua última defesa, disse: “Se com o nosso enforcamento vocês pensam em destruir o movimento operário – este movimento do qual milhões de seres humilhados, que sofrem na pobreza e na miséria, esperam a redenção –, se esta é a sua opinião, enforquem-nos. Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes, as chamas crescerão. É um fogo subterrâneo e vocês não podem apagá-lo”.
Definido no primeiro congresso da II Internacional, realizado em Paris em 1889, como “uma grande manifestação internacional” pela redução legal da jornada de trabalho para oito horas semanais, o 1º de maio é celebrado desde 1890 como um dia de lutas da classe trabalhadora de todo o mundo, de acordo com as condições específicas de seus países.
Neste 1º de maio de 2018, em todo o mundo, trabalhadores e trabalhadoras saem às ruas em defesa de seus direitos. No Brasil de hoje, isso significa lutar para derrotar o golpismo, defender os direitos e a democracia e exigir a liberdade de Lula.
Neste sentido, a Central Única dos Trabalhadores realiza, ao lado de outras centrais sindicais e de movimentos populares, atos e manifestações nas capitais de todos os estados brasileiros, sendo em Curitiba o ato nacional unificado em solidariedade e pela libertação de Lula.
Veja no box abaixo trecho da circular de orientação da direção nacional da CUT.
* Jandyra Uehara integra a executiva nacional da CUT
Primeiro de maio
O 1º de Maio deste ano tem um significado especial. Vivemos um momento crucial em que está em jogo o futuro do país e da classe trabalhadora. Precisamos dar uma demonstração de força contra os golpistas que tomaram de assalto o poder, desde o impeachment da Presidenta Dilma, e que vêm implementando uma agenda contrária aos interesses populares e à soberania nacional.
Seu ato recente mais nefasto foi a prisão injusta de Lula, com o objetivo de impedi-lo de participar das eleições presidenciais de outubro, quando todas as pesquisas o indicam como candidato favorito, situação que coloca a questão da sua liberdade no centro da luta política brasileira.
Defender Lula é defender a democracia e lutar pela derrota do golpe no Brasil. O destino de Lula será o destino da nossa democracia. Defender Lula é defender a política de valorização do salário mínimo iniciada em seu governo, emprego para todos, melhores salários e os direitos da classe trabalhadora conquistados em décadas de luta. Defender Lula é defender que os recursos do Pré-sal voltem a ser destinados à saúde e à educação, o fortalecimento e ampliação dos programas sociais que tiraram milhões da miséria e asseguraram o acesso de estudantes pobres à universidade, a soberania nacional e o patrimônio público.
Resgatar a tradição do 1º de Maio como dia de luta e transformá-lo no maior dos últimos anos é nosso desafio.
O dia deve ser também momento de encontro e confraternização, ocasião para compartilhar experiências e recarregar energias, renovar a esperança e projetar sonhos: que país queremos para nós, no presente, e para as gerações futuras de trabalhadores/as?
Este deve ser o nosso compromisso com a classe trabalhadora.
Sérgio Nobre, secretário geral da CUT
Maria Aparecida Faria, secretária geral adjunta da CUT
Fonte: Página 13, n. 186, mai. 2018