Por Fausto Antonio (*)
O 1º de Maio de 2021 dos trabalhadores (as) – nas ruas, contra o racismo, a violência policial, o genocídio pandêmico, o golpe branco e pelo Fora Bolsonaro e na defesa de Lula candidato em 2022 – deve se constituir num movimento de mobilização e organização em conformidade com os interesses da classe operária. O 1º de Maio, dia de luta da classe trabalhadora, não se define e não se destina apenas para a mobilização comemorativa da data.
A principal classe da sociedade, a trabalhadora, deve atualizar, conforme a conjuntura golpista em marcha no país e o contexto pandêmico, os processos de luta contra a opressão de classe e raça. O 1º de Maio atualiza, nos embates com as burguesias nacionais e o imperialismo, a superação da exploração e opressão, no caso brasileiro, de raça e classe, que são inseparáveis. No país segregado racialmente, o 1º de Maio, na ótica da negrada e do antirracismo, exige a compreensão do 13 de maio de 1888 e dos privilégios brancos; o que significa e implica no entendimento, na conjugação do 13/05/1888 até os dias atuais, de como se define e funciona a parelha de classe e raça e/ou o capitalismo brasileiro.
O pêndulo histórico que aproxima e organiza a classe trabalhadora, no processo de luta contra o capitalismo, o racismo e o imperialismo, encruzilha o 1º de Maio e o 13 de Maio, Dia nacional de denúncia e luta contra a opressão do racismo e dos privilégios brancos. A burguesia brasileira é expressão material, simbólica e de poder de brancos e o é também ou igualmente ; no domínio e no espaço de poder e opressão branca, o imperialismo dirigido pelos EUA.
Sendo assim, na luta contra o golpe branco de 2016 e em curso no Brasil, as intervenções devem organizar a classe trabalhadora para a compreensão da natureza racista e classista, que se historiciza no sistema financeiro, econômico, de comunicação, parlamentar, jurídico e do Partido Militar, comandado por generais brancos, a serviço do imperialismo. A indispensável polarização, no embate Lula-PT e esquerda versus a burguesia nacional branca e o imperialismo branco, precisa ganhar as ruas e revestir o projeto de poder e estratégico dos trabalhadores (as).
No quadro atual, a burguesia nacional branca e o imperialismo dão sustentação para Bolsonaro e o farão assim , certamente, no pleito eleitoral de 2022. O 1º de Maio, Dia de luta dos Trabalhadores (as), passa pela mobilização e, sobretudo, pela organização dos negros (as) e do operariado contra os privilégios de raça, classe e gênero. Dentro desse quadro político, há a constituição de um campo antirracismo. Assim se encruzilham o 1º de Maio e o 13 de maio. Desse modo, é preciso emniricizar ou historicizar nas ruas, nas categorias sindicais, no ato e na luta pelo poder, a luta contra o racismo. A burguesia nacional branca hegemoniza, com os seus partidos, entre outros, o PSDB e o DEM, os comandos e o poder racializados nos e pelos sistemas econômico, jurídico e notadamente na casta de brancos golpistas, que está no STF, no sistema de comunicação dirigido e a serviço do poder político-econômico de algumas empresas e famílias brancas e do projeto de perpetuação de privilégios para um único grupo racial.
Lula, PT e o racismo antinegro e/ou antinegro-indígena estão no centro do golpe de 2016 e no seu desenvolvimento com e no governo Bolsonaro. Encruzilhar, nos atos e na estratégia política, a candidatura Lula e o antirracismno é meio eficaz para deslocar a luta para o território de comando dos trabalhadores (as). É fato que a vitória tática para 2022 e, menos ainda a estratégica, não virá das instituições, entre outras a parlamentar e jurídica, dominadas e sob total controle da burguesia branca- nacional e do imperialismo.
Os atos, organizados com e pelos partidos de esquerda, a CUT, os movimentos sociais negros, MST e outros, devem de modo radical, no Fora Bolsonaro, na luta contra o golpe branco de 2016, o racismo e a violência policial, negritar a defesa de Lula candidato para 2022 como base-instrumento de poder antirracismo, anticapitalismno e anti-imperialismo.
(*) Fausto Antonio é professor da Unilab – BA , escritor, poeta e dramaturgo.
(**) Textos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da tendência Articulação de Esquerda ou do Página 13.