O Brasil vivia no governo do presidente João Goulart, o Jango, (1961-1964) um período de efervescência política com uma grande mobilização popular em defesa das reformas de base, como a reforma agrária e a reforma educacional. O projeto de alfabetização de adultos liderado pelo educador Paulo Freire significava também a ampliação da democracia com a inclusão de milhões de pessoas como eleitores diante da proibição do voto do analfabeto.
Por Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
No âmbito trabalhista, o governo de Jango aprovou a criação do 13º salário em maio 1962, reconheceu a legalidade dos sindicatos rurais e criou o estatuto do trabalhador rural em março de 1963. Na maior greve ocorrida no seu governo, a “greve dos 700 mil”, Jango recusou-se a declarar a greve ilegal, apesar da pressão patronal. Sancionou a “Lei de Remessas de Lucros”, que limitava as remessas de lucros das empresas estrangeiras.
Essas e outras medidas assustaram a elite conservadora do país que tramou o golpe com os militares e com o apoio dos Estados Unidos. Uma intensa campanha foi deflagrada a partir do início de 1963 pelos meios de comunicação acusando Jango de querer implantar uma “república sindical” apoiado pelos comunistas. O que, segundo os golpistas, atentava contra a democracia e os valores cristãos da família brasileira.
O golpe civil-militar não pode ser esquecido, não para exaltá-lo, como o faz o atual presidente, mas para não repeti-lo. A ditadura foi um dos mais terríveis momentos da história política do nosso país, que interrompeu um ciclo de mobilização popular e avanço da democracia, instaurando um regime de terror, cujas marcas, recaem atualmente de forma dolorosa sobre o povo brasileiro.